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domingo, 15 de novembro de 2009

31 de Outubro – 1º dia em África

Lapso no título??? Não… É a verdade…

Hoje fiz a minha primeira viagem por Angola. Quatro dias depois de chegar acedi ao desafio do Ludgero e da Andreia de virmos passar este fim-de-semana prolongado (porque na segunda-feira é feriado) ao Lobito/Benguela.

A diferença entre as habitações (do 1º e do 2º plano)…
A viagem começou às 6.30 e chegámos ao Lobito às 13 horas. Pelo meio uma curta paragem para descansar um pouco (Porto Amboim) outra para desfrutar de uma excelente paisagem (Sumbe) e outra de cerca de 45 minutos para abastecer o carro com combustível (não se consegue perceber??? Pois não…).

O percurso inicial é o da praia de Caboledo pelo que, uma vez que já lá fui duas vezes, não constituiu particular novidade… Obviamente que cada vez que passo detecto coisas novas mas a minha excitação prendia-se, essencialmente, com o resto do percurso… Com o primeiro contacto com a Angola original…

Aproveitando a gentileza de um colega, que me emprestou a máquina fotográfica, aproveito para publicar algumas fotos à saída de Luanda:

Toda a extensão de um dos Musseques


Um exemplo de “algo” à saída de Luanda.


A sucata à beira da estrada. Ao fundo é o Mussulo…


A abrangência do Glorioso… O país pára quando o Benfica joga…


A margem Norte do Rio Kwanza. 50 metros adiante o inicio da ponte. Certamente que este seria um ponto estratégico para protecção durante a guerra

A nível de vegetação o trajecto é particularmente variado. Após o percurso até CaboLedo, por exemplo, não existem Embondeiros. Há zonas com vegetação muito verde e serrada (típicas florestas africanas) e outras sem vegetação. Zonas tão planas que recordam as paisagens Alentejanas e outras mais montanhosas.



Um dos tipos de paisagem/vegetação
Diferentes troços de estrada (cada um com a sua qualidade, seja de pavimento, traçado, visibilidade ou segurança) para percorrer os cerca de 530 km que separam Luanda do Lobito.

A primeira percepção é que, de facto, até agora tenho estado em Angola e a cada km que passava estava a entrar em África. Digo isto porque em Portugal fala-se de grandes investimentos em Angola e da melhoria de condições de vida e isso, na opinião de quem chegou à pouco tempo, resume-se a Luanda pelo que, Luanda é a Angola que ouvimos e todo o resto do país é a África que pensamos conhecer… Obviamente que existem múltiplos e grandes investimentos por todo o país mas muitos são de infra-estruturas essenciais (por exemplo eixos viários) mas que, para já, em pouco melhoram a qualidade de vida diária da população local.

Começam a surgir as primeiras habitações que, até agora, faziam parte apenas do meu imaginário. Na realidade existem semelhantes (no percurso até Caboledo) que funcionam como “restaurantes” mas com a função de habitação, esta era o meu primeiro contacto…


Uma vista global de uma das aldeias que passámos antes de Porto Amboim

À chegada a Porto Amboim o “musseque”. Coloco entre aspas porque apesar de se tratar duma zona em que existe um amontoado de casas (a que em alguns casos poderíamos chamar casebres ou algo do género) o aspecto é totalmente diferente dos que existem em Luanda… Aqui há espaço entre cada habitação (como que um lote de terreno invisível) não existe lixo e, apesar do amontoado, tudo parece organizado.


Chegada a Porto Amboim



Ao contrário do que pensava, Porto Amboim, não é grande. É, na prática, um local que a que, de acordo com os parâmetros locais, já se pode denominar de cidade mas sem grande beleza. Em Portugal seria uma aldeia mas uma vez que numa extensão de umas dezenas de km não existe nada à volta este é, sem qualquer dúvida, um local desenvolvido..

A caminho do Sumbe novamente a mesma realidade. Casas humildes e pouco ordenamento mas, mais uma vez, dignidade e asseio


A diferença entre as habitações (do 1º e do 2º plano)…





As habitações locais.

A qualidade das fotografias anteriores deve-se à velocidade (ou à sua ausência) com que viajávamos nesta altura… Pelas fotografias consegue perceber-se que é uma estrada com bastante inclinação e, à nossa frente




Sem outros veículos a taparem a percepção, a perspectiva real das condições do transporte (fotografia tirada numa fase mais adiantada no percurso)

Depois de sair do Sumbe uma lindíssima paisagem… Só agora percebo que estas fotografias em nada dignificam o local porque não transmitem a sua beleza mas… São as que tirei…





Para além da grande beleza natural dois factores que tornam este local ainda mais agradável. Um mercado e um grupo de pessoas a lavar roupa no rio… Ambos os momentos são bem elucidativos da vivência Africana …











Sem dúvida as minhas preferidas do dia de hoje…



Depois de mais alguns km percorridos um posto de combustível… O combustível que tínhamos deveria ser suficiente para chegarmos ao Lobito mas preferíamos não arriscar. Trata-se de um fim-de-semana longo (porque na segunda-feira é feriado) e, como tal, grande parte das pessoas que estão em Luanda rumam a sul. Como resultado muitos dos postos de combustível fecham porque os tanques ficam vazios…

Precisamente por isso uma fila, que se deveria traduzir em 30 minutos de espera, à nossa frente. Depois de algum tempo na fila um dos funcionários veio dizer-nos (a nós e a outros cinco carros que estavam na fila) que para gasóleo era noutra bomba atrás do edifício… E lá fomos nós…




A primeira fila onde estivemos e a que formámos posteriormente…

A chegada ao Lobito…

Depois de tanta variedade que vimos nas habitações, a chegada ao Lobito, revela-se normal… Um imenso Musseque. Mantinha as características do que vimos na viagem (espaço e limpeza) e, por isso mesmo, apesar de se tratar de um Musseque demarcava-se claramente dos que estão em torno de Luanda…
Eu que imaginava o Lobito como uma cidade do tempo colonial com uma arquitectura portuguesa, com moradias e prédios (mesmo que degradados ou pouco conservados) começava a ficar desiludido.

Contudo, depois de cerca de 15 minutos a atravessar a zona, que depois vim a perceber tratar-se de periferia, a chegada a um sítio familiar. Não porque alguma vez lá estivesse estado mas porque a arquitectura me era familiar. Os traços gerais eram nitidamente portugueses.

Adiante, andando pela Avenida principal da restinga, o espanto e uma exclamação “poderíamos estar em muitas cidades portuguesas neste momento!!” e era verdade… A avaliar pela a larga avenida pelos prédios e pelas moradias aquele local correspondia, na totalidade, às características das cidades portuguesas…

Grandes diferenças em relação a Luanda? Sem dúvida… As casas não têm grades em todas as janelas, existiam grandes obras porque quase todos os passeios da cidade estavam a ser executados/recuperados e, em muitos locais, estavam a ser colocados os postes para a iluminação pública.
Depois de um almoço agradável a ida para o hotel. Já durante o almoço foi possível perceber algumas grandes diferenças entre Luanda e Lobito. As pessoas pareciam mais simpáticas e educadas, mais soltas e alegres e não se notava nenhuma tensão devido a receio com assaltos.
Depois do almoço? A cereja no topo do bolo… O Hotel…

Um hotel de charme. Ao que consta feito pelos Britânicos, ainda durante o período colonial, aquando da construção dos caminhos-de-ferro de Benguela. Esta é uma informação que, com muita curiosidade, irei investigar. Deixarei essas pesquisas para quando não tiver situações para relatar…
Aqui ficam algumas imagens do hotel…








Um local a regressar mas, da próxima vez, com a minha metade.

Benguela, até amanhã.

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