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sábado, 21 de novembro de 2009

21 de Novembro – Dois “encontros” inesperados – S.C.P vs Pescadores

Engraçado…

Após o almoço fiquei um pouco a ver o telejornal das 12 da SIC Noticias. Passou para a parte do desporto e, tendo em consideração que o Sporting vai jogar com o Pescadores da Costa da Caparica, deixei-me ficar a ver porque é um clube que, de alguma forma me é próximo.

Pela proximidade à minha casa, pelo facto de ser mesmo ao lado da 3ª Secção do “meu” corpo de bombeiros e, também, porque enquanto andei a dar pontapés na bola um pouco mais a sério joguei por diversas vezes contra o Pescadores da Costa da Caparica. Posso dizer que ainda sou do tempo, e com isto aprece que sou muito velho, em que o Quaresma (“O cigano”) jogava nos infantis dos Pescadores. Já na altura fazia toda a diferença…

Mas adiante…

Começaram a mostras as imagens dos jogadores no estádio do Restelo e percebi, como esperava, que não conhecia ninguém. Alguns dos meus antigos colegas continuaram a jogar, e ainda jogam hoje em dia mas, que eu soubesse, nenhum joga nos Pescadores.

Entretanto entrevistam o treinador e aí foi a surpresa… “Ah, é o Hélio” foi a minha reacção espontânea perante a entrevista do treinador… É verdade… O “Mister” Hélio foi um dos melhores treinadores que alguma vez tive. A bem dizer só tive 5 portanto a margem para comparações não é muito grande mas, de qualquer forma, do ponto de vista técnico e de capacidade de liderança registo 2 nomes: i) Hélio Santos e ii) José João (do Ginásio Clube de Corroios).

E pronto fiquei a ouvir a entrevista e percebi que continua na mesma. Uma excelente postura, um diálogo muito articulado e muitas mensagens de motivação para a equipa.

Aqui fica um abraço, provavelmente nunca verão isto, mas fica na mesma o abraço para aquele grupo fantástico dos Canários que, depois de um ano muito complicado, conseguiu dar a volta e representar ao mais alto nível o clube. O feito ao “Mister” Hélio se deve…

Xana, Ricardo, Vidrinhos, Crazy, Zé e Gil, Miguel, Fernando, Steve e Avelino… Um grande abraço ao núcleo duro da equipa.

A minha metade que me perdoe mas hoje (ou amanhã porque não sei quando é o jogo) serei dos Pescadores…

E qual foi o outro encontro??

Na mesma peça… Foi entrevistado o Sá Pinto e, em segundo plano, com o gravador na mão estava o Miguel… Um ex-colega do LACE que, pelos vistos, já conseguiu encaixar-se na sua área. O Jornalismo. Também para ele aqui fica um grande abraço.

Espero que tudo corra pelo melhor…

E pronto… Aqui fica mais um pequeno registo de pequenos acontecimentos da minha vida na terra avermelhada.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

14 de Novembro – Luanda à noite…

Desta feita pouco há a dizer…

Realço apenas que as fotografias NÃO SÃO DA MINHA AUTORIA. A marca d’água com a identificação do meu blog deve-se apenas ao facto de serem de um amigo de um colega meu que, por gentileza, me enviou.

A marca d’água pretende apenas “garantir” que estas fotografias não serão copiadas e utilizadas posteriormente referindo o meu blog como o meio divulgador.

De qualquer das formas, pela sua beleza, e porque demonstram o que é esta cidade à noite, divulgo-as aqui.

Vejam e deliciem-se…












Não é a “cidade maravilhosa” mas é, como se pode ver, uma cidade com os seus encantos.

13 de Novembro – O 3º dia muito especial

Sexta feira 13???

Não sou dado a superstições (se calhar devia, mas não sou)portanto o carácter especial não se deve a ser uma sexta-feira dia 13.

Hoje é um dia especial, acima de tudo, porque é o 3º mês que estou fora e que não partilho o dia com a minha metade. Com a distância passamos a dar valor a pequenas coisas que, quando temos, achamos pouco importantes… Faz parte de um normal e evolutivo processo de aprendizagem e maturidade…
Por impossibilidade de muito melhor fica aqui o reconhecimento da TUA importância na minha vida…

Depois desta semana intensa, pensando em ti, comecei a cantar esta música… Achei que a deveria partilhar com um grande beijinho…

11 de Novembro – A primeira ida às praias da Ilha

Hoje, quarta-feira, é feriado nacional. É o dia da Independência Nacional…

Pela primeira vez fui às praias da ilha. Até hoje tinha ido apenas às que ficam fora da cidade.

Foi uma surpresa. À nossa chegada a praia estava recheada de trabalhadores das obras. Vímos autocarros e kandongueiros à porta. Mas a partir das 10.30 o ambiente mudou completamente e aí a surpresa.

A praia foi “invadida” por famílias. Nunca imaginei que estivessem cá deslocadas tantas famílias e, sobretudo, tantas famílias com crianças pequenas.

Obviamente que já me tinha cruzado com algumas mas eram situações pontuais. Hoje percebi que não era bem assim…

Confesso que admiro a “coragem” dessas pessoas porque os serviços de saúde não são muito bons e, com crianças, os riscos aumentam mas são opções… De qualquer das formas julgo que é um sinal, ou então uma ilusão, de que o país vai criar condições para que o país se torne “um país” totalmente normal…

Essa foi a grande conclusão desta ida à praia.

10 de Novembro – Um sentimento de Deja Vú

Hoje chegou um colega novo.

Veio dar um apoio temporário numa das áreas para que se adoptem algumas metodologias globais.

Qual foi o Deja Vú?

Os sentimentos que ele transmitia. Percebi que ao chegar sentia exactamente o mesmo que eu e, o mais engraçado, é que lhe aconteceram basicamente as mesmas coisas.

A indicação de “café” no balcão da polícia que confere os documentos à entrada, as abordagens na zona das bagagens para fornecer ajuda e apoio (dentro do aeroporto e depois fora), o momento de espera dentro do carro enquanto o colega ia pagar o estacionamento… Tudo… Exactamente tudo igual.

Ele está alojado na casa onde estou e, precisamente por isso, falámos um pouco. Sei perfeitamente o que ele está a sentir porque ainda há 3 meses vivi o mesmo e, por isso mesmo, decidi aproveitar para o “tranquilizar de alguma forma”. Creio que consegui mas detectei, mais uma vez, exactamente os mesmos sentimentos. A incompreensão para o estado degradado das casas e das ruas, o receio de fazer o percurso casa/escritório sozinho e a pé…

Tudo…

Mais uma pessoa que, devido a todos os conselhos, recomendações e avisos, chega totalmente apavorado e com receio de tudo. Claro que esses conselhos são positivos. Servem para que a pessoa esteja alerta e consiga antecipar algumas situações mas depois de cá estar o nervosismo é muito…

Daqui a alguns dias certamente que ele vai ultrapassar esta fase… É isso mesmo, só uma fase…

7 de Novembro – O dia mais complicado…

Hoje foi, sem qualquer dúvida, o dia mais difícil que passei em Luanda…

Porquê???

Talvez pela distância, talvez pela incerteza do futuro e pela insegurança que isso transmite… Não sei… Foi um dia particularmente melacólico e triste…

Eventualmente será o efeito dos 3 meses ou será apenas a vontade de estar com a minha metade. Não sei…

Depois da “pré-programação” que fiz a mim próprio para 4 meses distante aproximar-se a fase das decisões. Estou certo que tomaremos as melhores porque a distância é boa conselheira e, entre muitas outras coisas, ajudou-me a identificar na perfeição o que é realmente importante…

Certamente que, “com calma”, no futuro olharemos para este momento como um degrau… Apenas…

Ao fim do dia uma de tantas recordações… Um momento especial proporcionado pela intensidade da música mas também pelo facto de ter sido uma noite de surpresas e descoberta. A garra e o sentimento que a Mariza colocou nesta música, aquando do concerto no pavilhão atlântico, vai muito para além desta mas, julgo, esta já transmite um pouco o arrepio que sentimos no concerto.

Pela emoção e pela recordação aqui fica, uma música que agora, vista à distância, tem uma intensidade muito diferente.



Para a minha metade um grande beijo.

6 de Novembro – A dura tarefa de comprar uma lembrança

É verdade.

Ainda continuo sem carro e portanto as dificuldades em movimentar-me, à medida que vou fazendo uma vida quase normal (neste caso o quase deve-se apenas à falta “da metade”;)), começam a surgir mais dificuldades…

Ontem foi aniversário da Andreia e, por toda a amizade e companheirismo que tenho recebido da parte deles, pretendo dar-lhe uma lembrança (e não uma prenda pelo significado que alguém, já longinquamente, me explicou…).

O meu objectivo inicial era uma peça de roupa. Todos os homens sabem a felicidade que é para uma mulher ter um “trapinho” novo portanto… Mas claro… Algumas dificuldades. Depois de me aconselhar com a minha metade fui aconselhado a não arriscar em calças nem sapatos. Pois bem… Avizinhava-se uma tarefa complicada…

Basicamente ando na cidade à noite, ou para ir para a diversão, ou para o futebol ou para jantar e, obviamente, nessas alturas não consigo identificar potenciais lojas.

Como tal tive que recorrer aos préstimos das colegas.

Depois de muitas indecisões e dúvidas algumas sugestões de lojas que se poderiam enquadrar no padrão que tinha definido. Foi-me ainda sugerida uma loja de lingerie com “coisas muito engraçadas”… Bom… A palavra amiga tem muito que se lhe diga… Mas perceberam que me estava a referir ao verdadeiro sentido da palavra…

Precisei então, porque ainda não tenho o carro, que me levassem a percorrer o percurso que tinha traçado. Fui com um dos estafetas que temos na empresa.

O Zé 28. Um homem muito castiço. Durante toda a viagem fomos a falar sobre a realidade deste país. Tentei ao máximo perceber coisas que desconheço sobre este país. Ouvi vivências do período da guerra, descrições de acontecimentos, acções estratégicas, etc… Fiquei também a perceber como “se organiza o país”, ou seja, quais os locais com melhor potencial de exploração de petróleo, mas também os locais onde se extraem alguns dos tipos de diamantes e os locais onde existem exploração agrícolas… Tanta e tanta coisa… Foi uma viagem muito enriquecedora…

Entretanto, após muitas filas, aproximámo-nos da primeira loja. Apesar de estarmos próximo o trânsito estava todo parado e o Zé aconselhou-me a ir a pé enquanto ele parava ali o carro em segunda fila. Assim fiz… Obviamente que com bastante receio mas, felizmente, tudo correu sem sobressaltos…

Ao chegar à loja, infelizmente, vendia apenas roupa para homens. Aproveitei para perguntar logo ali se as outras lojas onde pretendiam ir tinham roupa de senhora. Azar. A única que tinha era exactamente na outra ponta da cidade… Com o trânsito que estava não conseguiria chegar a horas.

Já no carro decidi passar ao Plano B. Um perfume. Queria agora um perfume. Nesse momento o Zé disse que então era melhor pararmos ali o carro e ele iria comigo a outra loja. Depois de mais 5 minutos a pé “a loja”. A prática era apenas um cubículo com 4 metros quadrados. Um balcão e muitos perfumes…

Numa primeira observação só conheci um dos perfumes. Era um daqueles que, sabia, não comprometia. Todos os perfumes estavam selados pelo que, sem sentir o seu aroma, estava fora de questão arriscar. De qualquer forma a rapariga lá me perguntou para que idade era. Expliquei que era para uma senhora de 30 anos e ela, com uma expressão do género “Ah, já percebi… Tenho mesmo aqui aquilo que precisa”. Procura dentro do balcão e diz-me, enquanto eu olhava para todas as caixas expostas no balcão, “aqui está o …. da Britney Spears”. Confesso que não ouvi nada… Só o “Britney Spears” me suou… Ao levantar os olhos deparo-me com uma caixa cinza na parte superior e rosa choque na parte inferior… Nem queria acreditar…

Expliquei-lhe que queria assim um bocadinho mais sóbria… Que era para uma senhora de 30 anos e não para uma menina de 18 (sem ofensa para quem, eventualmente, utilize esse perfume).

Novamente ela diz-me “então este está óptimo” e mostra-me uma caixa que dizia “Eden”. Como estava fechado perguntei “qual é o odor deste, sabe?”. Em resposta uma pérola… “É como o nome… Cheira assim como a isto da caixa.”. Bom… Neste momento desisti. A caixa tinha uma imagem que parecia retirada de um filme do tarzan (mas a cores). Cheia de folhas, plantas etc… Achei que seria melhor não perguntar mais nada e, olhando para o primeiro que vi, disse que era aquele que queria e conclui com um “vamos ver se ela gosta”.

Saímos da “loja” e regressámos ao escritório.

Duas horas e meia depois estava novamente no escritório. Julgo que não teremos percorrido 10 km…

2 de Novembro – O regresso a Luanda

Face à distância a percorrer o objectivo era sairmos pelas 8.30. No fim de contas acabámos por sair pelas 9.30. Mulheres…

Eehehhe

Mas adiante. Como estávamos a preparar-nos para sair pelas 8.30, enquanto aguardávamos pelas pessoas que vinham na outra carrinha, fomos abastecer porque, ao contrário de todos os outros postos de abastecimento o do Lobito não tinha filas. A outra carrinha foi depois…

À saída do hotel este largo. As pessoas estavam a utilizar este largo engraçado como “sala de espera do hospital pediátrico”. Não sei se seria normal ou não. À porta do hospital viam-se macas e biombos que sugeria uma limpeza ou algo do género mas também poderia não ser… Não sei…


A “sala de espera” do hospital pediátrico

O registo da extensão de uma estrada africana. Como se pode ver, quando escrevo que “a escala é outra” é mesmo isso que quero dizer… As estradas aqui são iguais, como é óbvio, mas em tamanho XL.





Vestígios da Guerra – Antiga ponte destruída durante a guerra

Depois de cerca de 200 km’s a primeira tentativa para abastecer. A carrinha que vinha connosco em 200 km consumiu mais de metade do depósito.

Portanto, tendo em consideração o número de pessoas que rumaram ao Lobito e Benguela, tínhamos que começar desde o primeiro ponto de abastecimento a tentar encontrar combustível senão não chegaríamos a Luanda…

Aqui fica a fila do primeiro posto de abastecimento que parámos. Estávamos nesta altura no Sumbe.



Rumando a Norte parámos nas “Cachoeiras”. O termo brasileiro identifica desde logo a atracção do local… Quedas de água no Rio Keve… Aqui ficam as fotografias.


Vista geral das Cachoeiras

Já na zona das próprias quedas de água a surpresa. O caudal e a velocidade da água eram muito superiores ao que esperava encontrar. Algumas das fotografias do local


Identificação da ponte

Lavagem de carros e motas, lavagem de roupa e divertimento são algumas das actividades no “lago” que antecede as Cachoeiras.








A antiga ponte. Também ela com evidências da guerra…

Depois de uma passagem num posto de abastecimento de estrada em que, rapidamente, fomos avisados que não existia combustível teríamos que esperar a abastecer. Chegados a Porto Amboim era hora de abastecer… E assim foi, ficámos cerca de 45 minutos a aguardar para abastecer. As filas??? São isto…





Sim… A fila da direita e a fila da esquerda são para abastecer. Uma de gasóleo e outra de gasolina…

Enquanto aguardávamos para abastecer algumas fotografias que representam a realidade Angolana.

Um grupo de mulheres, aproveitando as filas, tentam vender uma série de produtos. O peixe seco, amendoins e muito mais. Realmente estranho há só algo fumado que parece coelho (ou rato).

E mais??? Veja-se a fotografia e perceba-se a naturalidade com que se fazem coisas em África que, noutros locais, jamais se fariam na rua quanto mais com um alguidar sobre a cabeça…



Ao pormenor...
     

Outras fotografias…




O resultado de um acidente que passámos.



Já mais próximo de Luanda o inimaginável. Uma pessoa a dormir na caixa de uma pick-up quanto se viaja a 150 km/h??? Hum… Parece-me um pouco arriscado mas não há problema… O senhor ia bem agarrado ao ferro que protegia o óculo traseiro da cabine.

eheheheheh






O resultado de outro acidente…

Depois de tantos quilómetros o caos à entrada da cidade. Demorámos cerca de 2 horas para percorrer 15 km…

Depois de sair às 9.30 do Lobito, de fazer o desvio e parar nas Cachoeiras durante 1 hora e estar parado cerca de 45 minutos para abastecer em Porto Amboim, percorridos 500 km, chegámos a casa pelas 19.30.

Outra realidade…

domingo, 15 de novembro de 2009

1 de Novembro – Lobito / Benguela

Pelo segunda noite consecutiva tenho o prazer de estar sentado num cómodo cadeirão de verga com o som das ondas a embalar o registo de mais um dia de experiências…

Falta aqui apenas a minha metade para ficarmos tranquilos a ouvir este barulho de fundo e bebermos um chá relaxante.

Bom…

O dia começou pelas 7.30 da manhã. Ao acordar o aspecto era este:



Ficámos na praia até perto das 13horas (o que me valeu uma cor um pouco avermelhada na pele) e partimos rumo a Benguela.




Edifícios e ruas do Lobito


A via principal para sair do Lobito (ainda em fase de conclusão)

Saindo do Lobito, em direcção a Benguela, ao lado esquerdo, vimos um Musseque com uma enorme extensão. Num percurso de 3/4 km fomos “ao lado” do Musseque. Por aí se pode imaginar a dimensão e complexidade dos “subúrbios”. Mais uma vez a grande diferença entre este e os Musseques de Luanda… As “casas” são mais afastadas, existe organização e limpeza…

Não quer dizer que seja bom mas, pelo menos, é melhor do que em Luanda…

Continuando a nossa viagem a famosa Ponte da Katumbela. Um projecto do engº Armando Rito. Esta foi a primeira grande obra inaugurada desde que cheguei. Na inauguração toda a comitiva fez a sua travessia a pé e a festa foi grande. Pela relevância da obra e por representar a primeira inauguração desde que cá estou aqui fica uma imagem distante.


Ponte da Catumbela

Em Janeiro Angola vai organizar o CAN 2010. Estão a ser construídos 4 novos estádios. Digo “estão a ser” porque apesar de já só faltarem 57 dias ainda há muito a fazer… Há até pessoas que dizem que o CAN se vai realizar na África do Sul porque estes estádios não vão estar prontos…

Veremos…

Aqui fica o de Benguela….



Mesmo à entrada de Benguela um edifico lindíssimo que comprova a nossa passagem por Angola…


Edifício do Ministério das Finanças

Aqui estão bons exemplos do que referia no dia 18 de Outubro…
Aquelas que são hoje consideradas as grandes cidades possuem edifícios do tempo colonial. Durante todo o percurso, no Lobito e agora em Benguela percebe-se que as construções que existem hoje foram as que nós deixamos.

Os espaços urbanos não sofreram grandes incrementos, em parte por causa da guerra, em parte pela falta de dinheiro, em parte por causa da “cultura”, e o que ainda hoje se vê são edifícios que, basicamente, não sofreram intervenções desde 75.

Com a estabilidade política e com o aumento do poder de compra da sociedade em geral, começam agora a ver-se diversas intervenções e novas construções.

Fico também pasmado com a “complexidade” das construções existentes cá… Nunca imaginei que antes de 1975 Portugal construísse este tipo de edifícios nas suas colónias… Talvez preconceito é verdade, mas pensei que, à excepção de Luanda, viria encontrar cidades de moradias. Mais um mito desfeito…

O almoço foi no “Porta-Aviões”. Um restaurante com esplanada mesmo em frente ao mar. Durante o imenso tempo de espera houve fui encostar-me ao muro que separava a esplanada da praia. Ao chegar o espanto…

Nunca tinha visto uma praia assim…


Praia do restaurante Porta-Aviões

Fomos ainda à praia da Calotinha mas a máquina fotográfica ficou sem bateria… De qualquer forma fica o registo mental… Uma praia com bastante lixo que não atraiu minimamente. Eventualmente poderia ir-se para uma zona mais interessante andando um pouco pelo areal mas preferimos ficar a observar linha de costa e regressámos ao Lobito.

No regresso ao Lobito a estupefacção pelo facto do Musseque, que já referi como sendo nos “subúrbios” do Lobito, estar totalmente iluminado. É verdade… O Musseque possuía iluminação pública, em grande quantidade, criando até a ilusão de estarmos a passar numa cidade…

Quem diria…

Ao jantar realço a excelente e farta Muquequa de Peixe (com uma grande quantidade de marisco) que exigiu de mim e do Ludgero um empenho adicional.


31 de Outubro – 1º dia em África

Lapso no título??? Não… É a verdade…

Hoje fiz a minha primeira viagem por Angola. Quatro dias depois de chegar acedi ao desafio do Ludgero e da Andreia de virmos passar este fim-de-semana prolongado (porque na segunda-feira é feriado) ao Lobito/Benguela.

A diferença entre as habitações (do 1º e do 2º plano)…
A viagem começou às 6.30 e chegámos ao Lobito às 13 horas. Pelo meio uma curta paragem para descansar um pouco (Porto Amboim) outra para desfrutar de uma excelente paisagem (Sumbe) e outra de cerca de 45 minutos para abastecer o carro com combustível (não se consegue perceber??? Pois não…).

O percurso inicial é o da praia de Caboledo pelo que, uma vez que já lá fui duas vezes, não constituiu particular novidade… Obviamente que cada vez que passo detecto coisas novas mas a minha excitação prendia-se, essencialmente, com o resto do percurso… Com o primeiro contacto com a Angola original…

Aproveitando a gentileza de um colega, que me emprestou a máquina fotográfica, aproveito para publicar algumas fotos à saída de Luanda:

Toda a extensão de um dos Musseques


Um exemplo de “algo” à saída de Luanda.


A sucata à beira da estrada. Ao fundo é o Mussulo…


A abrangência do Glorioso… O país pára quando o Benfica joga…


A margem Norte do Rio Kwanza. 50 metros adiante o inicio da ponte. Certamente que este seria um ponto estratégico para protecção durante a guerra

A nível de vegetação o trajecto é particularmente variado. Após o percurso até CaboLedo, por exemplo, não existem Embondeiros. Há zonas com vegetação muito verde e serrada (típicas florestas africanas) e outras sem vegetação. Zonas tão planas que recordam as paisagens Alentejanas e outras mais montanhosas.



Um dos tipos de paisagem/vegetação
Diferentes troços de estrada (cada um com a sua qualidade, seja de pavimento, traçado, visibilidade ou segurança) para percorrer os cerca de 530 km que separam Luanda do Lobito.

A primeira percepção é que, de facto, até agora tenho estado em Angola e a cada km que passava estava a entrar em África. Digo isto porque em Portugal fala-se de grandes investimentos em Angola e da melhoria de condições de vida e isso, na opinião de quem chegou à pouco tempo, resume-se a Luanda pelo que, Luanda é a Angola que ouvimos e todo o resto do país é a África que pensamos conhecer… Obviamente que existem múltiplos e grandes investimentos por todo o país mas muitos são de infra-estruturas essenciais (por exemplo eixos viários) mas que, para já, em pouco melhoram a qualidade de vida diária da população local.

Começam a surgir as primeiras habitações que, até agora, faziam parte apenas do meu imaginário. Na realidade existem semelhantes (no percurso até Caboledo) que funcionam como “restaurantes” mas com a função de habitação, esta era o meu primeiro contacto…


Uma vista global de uma das aldeias que passámos antes de Porto Amboim

À chegada a Porto Amboim o “musseque”. Coloco entre aspas porque apesar de se tratar duma zona em que existe um amontoado de casas (a que em alguns casos poderíamos chamar casebres ou algo do género) o aspecto é totalmente diferente dos que existem em Luanda… Aqui há espaço entre cada habitação (como que um lote de terreno invisível) não existe lixo e, apesar do amontoado, tudo parece organizado.


Chegada a Porto Amboim



Ao contrário do que pensava, Porto Amboim, não é grande. É, na prática, um local que a que, de acordo com os parâmetros locais, já se pode denominar de cidade mas sem grande beleza. Em Portugal seria uma aldeia mas uma vez que numa extensão de umas dezenas de km não existe nada à volta este é, sem qualquer dúvida, um local desenvolvido..

A caminho do Sumbe novamente a mesma realidade. Casas humildes e pouco ordenamento mas, mais uma vez, dignidade e asseio


A diferença entre as habitações (do 1º e do 2º plano)…





As habitações locais.

A qualidade das fotografias anteriores deve-se à velocidade (ou à sua ausência) com que viajávamos nesta altura… Pelas fotografias consegue perceber-se que é uma estrada com bastante inclinação e, à nossa frente




Sem outros veículos a taparem a percepção, a perspectiva real das condições do transporte (fotografia tirada numa fase mais adiantada no percurso)

Depois de sair do Sumbe uma lindíssima paisagem… Só agora percebo que estas fotografias em nada dignificam o local porque não transmitem a sua beleza mas… São as que tirei…





Para além da grande beleza natural dois factores que tornam este local ainda mais agradável. Um mercado e um grupo de pessoas a lavar roupa no rio… Ambos os momentos são bem elucidativos da vivência Africana …











Sem dúvida as minhas preferidas do dia de hoje…



Depois de mais alguns km percorridos um posto de combustível… O combustível que tínhamos deveria ser suficiente para chegarmos ao Lobito mas preferíamos não arriscar. Trata-se de um fim-de-semana longo (porque na segunda-feira é feriado) e, como tal, grande parte das pessoas que estão em Luanda rumam a sul. Como resultado muitos dos postos de combustível fecham porque os tanques ficam vazios…

Precisamente por isso uma fila, que se deveria traduzir em 30 minutos de espera, à nossa frente. Depois de algum tempo na fila um dos funcionários veio dizer-nos (a nós e a outros cinco carros que estavam na fila) que para gasóleo era noutra bomba atrás do edifício… E lá fomos nós…




A primeira fila onde estivemos e a que formámos posteriormente…

A chegada ao Lobito…

Depois de tanta variedade que vimos nas habitações, a chegada ao Lobito, revela-se normal… Um imenso Musseque. Mantinha as características do que vimos na viagem (espaço e limpeza) e, por isso mesmo, apesar de se tratar de um Musseque demarcava-se claramente dos que estão em torno de Luanda…
Eu que imaginava o Lobito como uma cidade do tempo colonial com uma arquitectura portuguesa, com moradias e prédios (mesmo que degradados ou pouco conservados) começava a ficar desiludido.

Contudo, depois de cerca de 15 minutos a atravessar a zona, que depois vim a perceber tratar-se de periferia, a chegada a um sítio familiar. Não porque alguma vez lá estivesse estado mas porque a arquitectura me era familiar. Os traços gerais eram nitidamente portugueses.

Adiante, andando pela Avenida principal da restinga, o espanto e uma exclamação “poderíamos estar em muitas cidades portuguesas neste momento!!” e era verdade… A avaliar pela a larga avenida pelos prédios e pelas moradias aquele local correspondia, na totalidade, às características das cidades portuguesas…

Grandes diferenças em relação a Luanda? Sem dúvida… As casas não têm grades em todas as janelas, existiam grandes obras porque quase todos os passeios da cidade estavam a ser executados/recuperados e, em muitos locais, estavam a ser colocados os postes para a iluminação pública.
Depois de um almoço agradável a ida para o hotel. Já durante o almoço foi possível perceber algumas grandes diferenças entre Luanda e Lobito. As pessoas pareciam mais simpáticas e educadas, mais soltas e alegres e não se notava nenhuma tensão devido a receio com assaltos.
Depois do almoço? A cereja no topo do bolo… O Hotel…

Um hotel de charme. Ao que consta feito pelos Britânicos, ainda durante o período colonial, aquando da construção dos caminhos-de-ferro de Benguela. Esta é uma informação que, com muita curiosidade, irei investigar. Deixarei essas pesquisas para quando não tiver situações para relatar…
Aqui ficam algumas imagens do hotel…








Um local a regressar mas, da próxima vez, com a minha metade.

Benguela, até amanhã.

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