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terça-feira, 8 de março de 2011

13 e 14 de Novembro – Fazenda Cabuta (1º dia)

Quem nos conhece sabe que não somos de desistir! E eu pessoalmente, co-reporter, não descansei enquanto não convenci o reporter, o Lu e a Andreia, a irmos aproveitar o pouquinho do fim-de-semana grande que nos restava, ou seja, Sábado e Domingo, para irmos passear!

É certo que não iriamos para longe, até à minha tão desejada Benguela, ou Malanje, mas havia mais opções na manga e até conseguirmos uma reserva não descansaria!

A primeira tentativa, justificada pela proximidade que representava tendo em consideração o tempo que tinhamos disponível, foi Cambambe, mais precisamente a Pousada que é actualmente gerida pelo ENE. Resposta: LOTADA! Isto uma semana antes do fim-de-semana propriamente dito. Ok, nada de desistir, seguia-se a próxima tentativa, um bocadinho mais longe, na altura em que liguei não sabia bem quanto  Fazenda Cabuta, próxima de Calulo, no Kwanza Sul! Não se acerta à primeira, acerta-se à segunda! Havia quartos disponíveis e reservaram-se dois!

Et voilá! Agora era só aguardar por sábado e seguir destino!

Mesmo não sabendo, este fim-de-semana ia-nos reservar uma surpresa, mais que isso, uma constatação que muitas vezes ignoramos, quando menos esperamos somos surpreendidos com a simplicidade dos lugares, das coisas, das gentes, e quanto menos expectativas construímos e quanto menos planeamos, mais disfrutamos do que vivemos e experenciamos!

No sábado de manhã lá seguimos destino, iniciando o percurso primeiro até ao Dondo. A paisagem é maravilhosa e passamos vários rios, mercados à beira da estrada, fazemos todo o percurso junto à linha de comboio!





Autoria das Fotos: Ludgero e Andreia

Iamos acompanhados de música apropriada, nacional claro está!, que um colega do repórter tinha deixado na carrinha que nos foi concedida para o trajecto. E, tão igualmente importante, do farnel preparado pela Andreia, já que nós só contribuimos com água e bolinhos secos da Nilo! Sei que comemos muito e muitas coisinhas boas pelo caminho, mas não podia deixar de fazer menção às empadinhas com o toque de oregãos em cima! Deliciosas minha querida, não queres fazer mais? :) Quem sabe para a próxima viagem com direito a pic-nic?! Hum???

Ao chegar ao Dondo, e depois de passarmos o Alto Dondo, seguimos em direcção ao Huambo, onde passados alguns kilómetros avistamos o cruzamento para Cambambe, que era a nossa primeira opção, mas continuamos caminho!

Passados umas poucas dezenas de kilómetros, e quando viramos à esquerda para o Calulo, a paisagem altera-se, tornando-se muito montanhosa e ainda mais verde. É nesta parte do trajecto que temos a oportunidade de reter e ver aquelas paisagens que fazem parte do imaginário de todos, uma estrada de kilómetros num sobe e desce magnífico a fazer perder de vista:


Autoria da Foto: Ludgero e Andreia

Mais uns kilómetros e chegámos ao Calulo, uma vila pequena mas muito simpática, com um largo a fazer lembrar as aldeias das nossas infâncias, onde nos reuniamos com os nossos amigos logo após o jantar para as brincadeiras habituais, no meu caso, sob o olhar atento dos meus avós.


Autoria das Fotos: Ludgero e Andreia

Além de simpática era igualmente muito tranquila e organizada. Aproveitámos para pedir indicações sobre a fazenda, pois a partir dali já não sabiamos por donde seguir, apesar do senhor que me atendeu por telefone ter dito que sim, que havia indicações. Estou em crer que naquele momento ele não percebeu o que eu quis dizer, ou talvez tivesse percebido que havia quem desse indicações, pois placas a indicar a fazenda nem vê-las. Mas havia uma razão forte para eu acreditar que foi realmente um problema de expressão, e já vão perceber porquê...

Do Calulo até à Fazenda era sempre em picada, nada de muito duro, mas ainda uns bons kilómetros, que claro, parecem muito mais do que na realidade são :) A dada altura por pensarmos que já estávamos perdidos, perguntávamos pela Fazenda a um senhor que trabalhava por ali, que felizmente nos confirmou o contrário, afirmando que era já ali à frente.

Umas fotografias a meio do percurso…



Autoria das Fotos: Ludgero e Andreia

E era mesmo! Aproveitámos que estavam a processar um abastecimento de água para tirar umas fotos à entrada, daquelas postal, que toda a gente tira:


Autoria das Fotos: Ludgero e Andreia

A entrada na Fazenda fazia-se por um caminho ladeado de árvores que conduzia até à entrada e casa principal. Pelo caminho encontrámos dois meninos que transportavam uma múcua gigante na mão, com quem conversámos durante um bocadinho e aos quais demos boleia até à entrada. Moravam numa das aldeias que passámos durante a picada e iam ver o jogo de futebol que estava a decorrer no campo da Fazenda.



Autoria das Fotos: Ludgero e Andreia

Ao chegarmos ao edifício principal não encontrámos ninguém de imediato. Contornámos o mesmo e deparámo-nos com um outro edifício de apoio que parecia ser um restaurante. Um senhor dirigou-se à entrada e perguntou se desejávamos alguma coisa. Expliquei que tínhamos uma reserva em meu nome, para dois quartos duplos, pediu o meu nome para confirmar na lista e informou-nos que não existia qualquer reserva. Voltei a explicar como tudo se processou, que tinha ligado na segunda-feira para reserva, que falei com um senhor com um sotaque entre o espanhol e italiano, o qual nos tinha aceite a reserva. Foi então que o senhor disse de imediato “há, pronto, mas essas reservas não são feitas comigos, têm que ir além àquelas casas à procura do cubano para lhe perguntar e pedir a chave”.

E assim se explica a questão que mencionei anterior do problema de expressão :)

Lá nos dirigimos às casas indicadas sem sabermos ao certo onde e qual era. Lá conseguimos identificar um grupo de pessoas e posteriormente a mulher do senhor cubano que nos confirmou que não havia nenhum problema com as reservas, que o marido estava mesmo a chegar e nos daria as chaves dos quartos.

Na realidade não havia quartos ainda designados e depois do senhor chegar deu-nos a escolher entre as suites da casa principal e os quartos dos anexos construídos, com a consequente variação de preços. Bom, achámos que os quartos eram perfeitamente razoáveis numa relação qualidade-preço e ficámos por ali... mas ficámos mal! Mais tarde viriamos a arrepender-nos de não ficar nas belas suites  Pelo que aconselhamos a todos os que por ali passem que, sem dúvida alguma, escolham as suites!

Depois de instalados fizémos o primeiro reconhecimento da Fazenda. A Fazenda é propriedade do antigo ministro Higino Carneiro e dedica-se essencialmente à produção de café, tendo duas marcas próprias, o Calulo e o Bela Negra, que podem ser adquiridos localmente embora as marcas sejam essencialmente para exportação.









A Fazenda tem uma construção do tipo colonial e ficámos a saber que era propriedade de um senhor Holandês. Actualmente é gerida por cubanos, um deles o senhor que nos reservou os quartos, sendo que a generalidade das pessoas das aldeias próximas trabalham ali. Existe uma escola e um hospital, em que os médicos e enfermeiros são cubanos também, estando ali ao abrigo de um protocolo.

Na realidade toda a envolvente faz parecer que as pessoas vivem em comunidade naquele espaço. Ainda pudémos assistir ao final do jogo de futebol e ser contemplados com um pôr do sol maravilhoso, como só África tem para dar.








Antes mesmo de jantar, aproveitámos os últimos rasgos de luz do dia e a mistura magnífica de cores no céu, no alpendre do restaurante enquanto tomávamos os habituais gins e águas tónicas!

O dia já ia longo e havia que dirigir aos aposentos, sem uma única luz pelo caminho. Felizmente o percurso era curto... ao chegarmos não imaginámos a recepção que teríamos :) Muitos, mas muitos mesmo, mosquitos para matar e, no nosso caso, um animalzinho que pernoita nos meus piores pesadelos, uma osga!! :) Foi aí que percebemos que as suites teriam sido uma muito melhor opção. É que a porta do quarto tinha uma fresta de cerca de 5 cm deixando passar toda a mosquitada e alguns animais rastejantes... escusado será dizer que não se dormiu muito, e a meio da noite ainda houve uma segunda inspecção ao quarto para averiguar a existência de mais amiguinhos!

PS: Contacto da Fazenda disponível no post seguinte.

Sem comentários:

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