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segunda-feira, 8 de março de 2010

03 de Fevereiro – Regresso a Luanda e as surpresas...

Depois de algumas tarefas pelo arranque da manhã a saída pelas 8.30.
O percurso já estava traçado e, por isso mesmo, agora era hora de “partir à descoberta” de novos locais num dia chuvoso (um dos raros nos últimos 6 meses). Pelo caminho, nas bermas das estradas, como em todas as estradas, fomos vendo sucata abandonada.

Durante quase todo o trajecto (Malange-Lombe) a paisagem verdejante era a perder de vista


Antes de chegar ao Lombe tivemos ainda que, por perspecção profissional, fazer uma incursão por uma estrada secundária. A determinada altura a passagem de uma linhda de água teria que ser feita por esta ponte


Depois de a atravessarmos fizemos uma pausa. A curiosidade foi mais forte que eu e fui perceber como era feita a ponte. No “tabuleiro” percebia-se que era uma mistura de “argamassa de terra” misturada com carris de um antigo caminho de ferro mas, como se sustentava? Uma vista lateral ajuda a perceber…


Ao lado uma forma fácil de representar o país. A tentativa de desenvolvimento actual em contraponto com construções e infra-estruturas obsoletas. Em baixo é possível ver a antiga ponte para passagem da antiga linhda de comboio “quase engolida” pela ponte dos novos caminhos de ferro. A modernização “pinta” quadros destes.


Vindos por esta via secundária, chegámos ao Lombe. De frente um vestígio da grande mobilização que o governo provocou. O Lombe é um pequeno aglomerado populacional e, mesmo assim, lá está um apelo ao apoio à selecção nacional. Esta será para mais tarde recordar…


Depois de ouvir relatos de uma estrada em péssimas condições até Calandula (cerca de 70 km), foi com alguma surpresa, e agrado, que iniciámos o percurso nesta estrada.



Fizemos cerca de 30 km e verificámos que as obras ainda não tinham acabado. Agora junto de um pequeníssimo aglomerado vimos construções do tempo colonial bastante degradadas e totalmente desocupadas. A primeira construção era uma igreja. Algo que não esperava encontrar ali… Mas, de facto, lá estava ela.


E, olhando em frente, lá estava a estrada e as casas abandonadas.


Mais uma perspectiva do percurso que tínhamos a fazer


Já depois de avistar, longinquamente, as quedas de água de Calandula, avistámos mais um conjunto de casas. Passámos por muito outros e, a título de exemplo, aqui fica o registo de um deles


Um aspecto curioso? Todos eles tinham uma bandeira. Junto à estrada, num mastro improvisado, em todos estes conjuntos de casas havia uma bandeira como que a “relembrar”, quer a viajantes quer aos habitantes, que aquele era território Angolano.



Alguns km’s adiante mais um exemplo da guerra em que o país esteve mergulhada durante tantos anos. O carro, no momento da fotografia, está sobre uma ponte metálica, claramente de origem militar, que foi construída para para permitir a passagem de carros após a destruição de metade do tabuleiro. Na fotografia só é vísivel o troço “original” da ponte.


Uma vista geral à chegada a Calandula.


Passados os 70 km a chegada às quedas de água de Calandula. E que tal? Sem comentários… O ruído era arrepiante e a paisagem é esta… Tirem as vossas conclusões




Impressionante não é verdade?

E isto, ajuda a demonstrar a dimensão real???




SABIAM QUE?

As quedas de água de Kalandula, eram antigamente denominadas de Quedas de Água do Duque de Bragança.

Ficam no Rio Lucala, um dos afluentes do Rio Kwanza, na província de Malange, a cerca de 120km da capital da província que tem o mesmo nome. São as maiores de Angola e as segundas maiores de África, a seguir às Victoria Falls. Têm uma queda de 105 metros de altura e 405 metros de largura, ao passo que as Victoria, situadas entre a Zâmbia e Zimbabué, têm 1,7km de comprimento e 108 metros de largura.

Foram uma das maravilhas naturais votadas pelos Angolanos, que acabaram por concorrer às 7 maravilhas naturais o mundo com as Pedras Negras de Pungo Andongo.

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Fizemos o caminho inverso e agora pretendíamos passar por Pungo Andongo para ver as “famosas” Pedras Negras. Inexplicavelmente, expressão do nosso “guia”, não conseguimos ver as Pedras Negras devido ao nevoeiro. O nosso colega estava perplexo porque, como ele dizia, “não se percebe como é que é possível que não se vejam coisas tão grandes que estão aqui tão perto”. Ficará para uma próximo oportunidade…

Agora sim, depois de 2 ou 3 km em estrada asfaltada, entrámos numa verdadeira picada. Todo o percurso até ao Dondo seria numa estrada com estas caracteristicas


Pelo caminho houve ainda a necessidade de ceder passagens a outros veículos, atravessar zonas com enorme quantidade de buracos devido às chuvas e também, quem diria, ultrapassar motoristas de camiões que conduziam como se estvessem numa auto-estrada. Se calhar para eles até é… Não sei…


Num dos troços da estrada vimos um conjunto de coisas negras na estrada. Não conseguíamos definir, porque ainda estávamos muito longe, e só quando nos aproximamos o suficiente percebemos que eram macacos. É verdade! Meia dúzia de pequenos macacos que estavam a brincar no meio da estrada. Apercebendo-se da proximidade de um carro entraram na vegetação e tivemos oportunidade de os ver apenas durante alguns segundos… Ficámos ainda um pouco a tentar obter um contacto com eles mas foi impossível… Uns km’s adiante uma experiência, que apesar de não o ter sido propriamente, ficará para sempre gravada na minha memória.

A nossa viagem ia sendo feita “muito ao estilo Paris-Dakar”. Em que andávamos pela picada e atrás dicava um enorme rasto de pó no ar. De onde a onde passávamos por um conjunto de casas. Em alguns casos víamos pessoas enquanto que noutros nem sinal… Num dos casos enquanto nos íamos aproximando fixei o meu olhar numa menina, de aproximadamente 8 anos, que a cerca de 20 metros da estada estava deitada, de barriga para baixo com o queixo pousado sobre as costas das duas mão entrelaçadas e com uma das pernas no ar… E enquanto passávamos ela sorriu e acompanhou o movimento do carro com a cabeça. À sua volta, uma série de crianças com os seus 2 ou 3 anos, brincavam e ela ali, impávida e serena, acompanhava os trajectos dos viagentes que por ali iam passando… Essa era uma das poucas ocupações que tinha e, infelizmente, tem,e estando ali no meio de lugar nenhum num “grande produtor de petróleo”. A vida tem destas coisas….

Para o restante percurso, acompanhadas de uma breve descrição, ficam então algumas fotografias de situações que retratam bem esta terra.


Mercado à chegada ao Dondo



Equilibrismo no transporte das coisas



Mais um mercado até à chegada a Luanda


Pormenor do mercado até à chegada a Luanda



Agência do BIC à entrada de Luanda (parece uma ilha)


O movimento quotidiano à entrada de Luanda

Sem comentários:

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