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sábado, 26 de setembro de 2009

28 de Agosto – Aconteceu em África. Será situação impar?

Mais uma constatação…

Tanto ouvimos, na Europa (apesar de sabermos que o nosso país faz parte do Continente Europeu, neste momento, sinto-o de outra forma. Na realidade nunca tinha pensado “na minha casa” dessa forma, como algo englobado no Continente Europeu, porque essa é a nossa realidade. Porque, por muito que viajemos, acabamos sempre por “conceber” o resto do mundo de acordo com os padrões a que estamos habituados. Nas viagens contactamos com pessoas diferentes, apercebemo-nos que vivem em realidades diferentes, percebemos que a cultura é diferente, entendemos que pensam duma forma diferente mas, na realidade, consideramos sempre que pensam [ao que de importante diz respeito] da mesma forma que nós) dizer que África é diferente, que em África as coisas se passam de uma forma diferente que, achamos, já estamos suficientemente preparados para tudo o que vamos ver e ouvir.

Na realidade, com o passar dos dias, vou constatando as coisas não são bem assim… Existe de facto uma grande diferença, por comparação com Portugal, na forma como este povo age e interpreta determinadas situações.

Todos nós já tivemos determinadas situações com interlocutores Africanos e, em algumas situações, temos respostas, reacções ou atitudes que não compreendemos ou que consideramos lentas. Eu, confesso, sempre pensei que seriam apenas exemplos pontuais (afinal de contas em todo o lado há pessoas inteligentes e pessoas menos inteligentes, em todo o lado há pessoas rápidas e pessoas lentas, etc) mas, com a semana que estou quase a completar (escrevo este texto em 29 de Agosto pelas 15.20horas enquanto aguardo um telefonema do Ludgero) verifico que é de facto uma questão cultural.


Ontem, no telejornal da RTP África, apresentavam uma notícia do caos que se vivia na Guiné-Bissau (não o caos social devido a todas as perturbações políticas que existiram recentemente) devido à corrida repentina ao (não tenho a certeza se este é o termo correcto) “cartão do cidadão”. Pelos vistos também na Guiné-Bissau o documento de identificação alterou o seu formato e conteúdo (provavelmente também se trata dum único cartão que engloba todos os documentos pessoais). Noticiavam: “verificam-se enormes filas de espera após a corrida de toda a população para obter o novo cartão”.

O que é que um Europeu pensava, ou melhor, o que é que eu pensei? “As pessoas são demais, assim que há qualquer novidade correm logo e nem se apercebem que, indo alguns dias depois, não se chateiam nem perdem todo aquele tempo” Certo?? Não… Errado…

A notícia continuava…

“após a Ministra [de um Ministério que não retive] ter anunciado que os actuais bilhetes de identidade deixavam de ser válidos uma vez que já estavam disponíveis os “cartões do cidadão”. Este anúncio levou todas as pessoas até aos 3 pontos onde é possível criar o novo cartão provocando assim o caos nesses pontos”.

De um dia para o outro os documentos de identificação pessoal deixam de ser válidos?? Sem período de transição?? Quanto existem apenas 3 pontos que possibilitam a criação do novo documento??? Sem um reforço na estrutura existente em cada um desses pontos (sim porque com uma decisão destas não corro grandes riscos em dizer, e acertar, que não houve qualquer reforço na estrutura existente).

Uma pequena nota… O país, em 2005, tinha 1.416.027 de habitantes.

Perante o meu espanto e sorriso devido a situação tão caricata, um dos meus colegas de casa, o Sr. Cabral (com 18 anos de experiência em África), riu-se e disse “Estamos em África, estes gajos não pensam”.

A realidade é que esta “decisão”, na minha opinião, só pode ter partido de alguém pouco racional…

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