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sexta-feira, 23 de julho de 2010

15 de Junho – Uma descrição que poderia ser d’A Terra Avermelhada

“No Brasil, as favelas trepam ao cimo dos morros, coroados pelas mesmas casinhas vermelhas que de vez em quando comparecem nos quadros naif. Em XXXX, os publos da periferia albergam milhões de flagelados. Distendem-se nas margens das vias rápidas ou crescem para o alto de grandes rampas talhadas a pique na terra pedregosa, passando então a designar-se por cerros. As ruas não são ruas, e as casas não são casas, como diria Júlio Cortazar – porque nada é igual a nada, e tudo pode ser excepcional.

São aos milhões. Vieram de longe e vivem nas caixas quadradas de XXXX, a maioria delas sem tecto, porquanto ali nunca chove. E não usam a pedra, nem o tijolo, nem o cimento. As mais sólidas apresentam o adobe ou as tábuas vedadas pelos desperdícios da civilização. As restantes, dado que são sobrenaturais ou metafísicas, usam a ráfia, a lona ou o papelão cartonado. Sem tecto, disputam o espaço em frente, vedado por cordas ou arames amarrados a espigões, em cujo recinto vi cabras, crianças e galinhas – às vezes velhos sentados e mulheres de cócoras. Sopravam o lume, guardavam da cobiça das cabras o milho a assar nas brasas e nunca erguiam os olhos.”

In Conversa n’A Catedral, de Mário Vargas Llosa.

Esta não é uma descrição de um local n’A Terra Avermelhada mas poderia ser…

Conhecem outros locais onde esta descrição também poderia encaixar na perfeição?

Quais?

E esta descrição? Onde será? (Aceitam-se palpites).

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