É verdade…
Os Kandongueiros…
Algumas das pessoas estarão agora a
pensar “o que será?” outras, mais familiarizadas com a realidade e cultura,
conseguirão identificar ao que se refere este post.
Lanço um desafio… Gostaria que quem lesse
este post colocasse nos comentários aquilo que era, à partida, a sua
interpretação/entendimento para “os Kandongueiros”.
De forma simples e concisa os
Kandongueiros são “os táxis” de Luanda. Genéricamente são Toyotas Hiace
pintadas no exterior na parte inferior de azul (até ao nível dos vidros) e
acima de branco. Normalmente é colocado um banco adicional (3 filas de bancos e
não 2 como é a “versão original”) e desta forma é possível aumentar a
capacidade (e consequentemente a rentabilidade) do Kandongueiro.
O Kandongueiro tem o motorista e um
cobrador.
Existem numa quantidade inimaginável
por toda a cidade e são o meio de transporte de eleição (não por vontade mas
por falta de opções) de 90% da população.
Por serem “os únicos” meios de
transporte os Kandongueiros, para além das pessoas, transportam de tudo…
Animais (vivos, claro está), Mercadoria (todo o tipo de artigos que são
vendidos nas ruas de Luanda), Lenha, e tudo o resto que se ouse imaginar…
Ao volante dos Kandongueiros
encontra-se de tudo… Jovens que aparentemente nem idade têm para ter carta,
pessoas que estavam mais habituadas a conduzir KAMAZ ou BERLIET, sendo que
grande parte dele comungam apenas de dois grandes princípios: i) conduzir o
mais depressa possível (apesar de muitas vezes andar ser praticamente
impossível) e ii) ignorar a maior quantidade de regras de trânsito possível.
Provavelmente torna-se mais fácil
perceber “estes princípios” percebendo como funciona o “negócio” os
Kandongueiros.
De forma muito sintética faço então uma pequena explicação do
Plano de Negócios:
i)
O investidor adquire um HIACE (que com
a recente mudança de legislação já não pode ser uma carrinha vinda da Europa
com 20 anos);
ii)
Arranja um “condutor” que se
responsabiliza pelo negócio. Com isso tem que “angariar” o cobrador e garantir
o valor acordado semanalmente;
iii)
Falando de valores… Em muitos casos são
500 Usd por semana que o condutor terá que pagar ao investidor. Com os valores
cobrados (em média 200 AKZ = 2 Usd) são garantidos os 100 Usd diários para o
investidor e a restante receita é dividida pelo condutor e pelo cobrador. Ao
sábado toda a receita é apenas para o condutor.
Assim são a versão Angolana dos
Moçambicanos “Chapas”.
Para exemplificar, aqui fica uma foto
de um Kandongueiro tirada pelo Repórter num dos dias de imenso trânsito.
2 comentários:
Após indicação que com esta versão não estava a ser possível deixar comentários aqui fica um teste.
Já pensei que os Kandongueiros eram barcos que desciam pelos rios africanos. Acho que tirei esta ideia por uma música dos Duo Ouro Negro (que é um grupo que adoro e que me permitiu, ainda em pequenina, ter o primeiro grande contacto com Angola através das suas músicas verdadeiramente antropológicas e, ainda por cima...bonitas). Depois lá vi que era eu que percebia mal e que Kandongueiro era, afinal um instrumento. Há poucos meses soube que eram os táxis:)
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