Não passamos de pequenas formiguinhas neste planeta…
Sempre tive consciência que essa era a realidade mas, depois dos aumentos absurdos primeiro de taxas de juro e depois dos combustíveis, depois da crise dos cereais, depois da crise do imobiliário, e depois desta grande e grave crise financeira que estamos todos a (tentar) ultrapassar, os acontecimentos do Egipto revelam ainda mais a nossa impotência sobre o nosso futuro…
Para situar…
Depois de em 14 de Janeiro o Presidente da Túnisia, Ben Ali, ter abandonado o país como resultado de uma forte e constante manifestação do seu povo, noutras “democracias particulares” o povo começou também a sair à rua e a manifestar-se a favor de liberdade real.
Depois de dois ou três focos de agitação, passados cerca de 15 dias, o principal foco é o do Egipto.
E é exactamente por isso que escrevo este post…
Porque, enquanto fazia o percurso para o trabalho, ouvia na rádio umas breves sobre este assunto que eram algo do género:
- Presidente do Egipto libertou 6 jornalista da AlJazzera, a pedido directo da diplomacia dos Estados Unidos, mas realçou que já proibiu a Aljazzera de emitir reportagens com os protestos pelo que, se os jornalistas não abandonarem o país poderão a ser novamente presos;
- Devido aos acontecimentos no Egipto o barril de Petróleo voltou ontem a superar a fasquia dos 100 USD;
- Ocorreu ontem uma reunião de urgência da OPEP de forma a decidir estratégias para o fornecimento de petróleo pois analisam o que poderá ocorrer se aquela zona do globo não puder prosseguir a produzir petróleo durante algum tempo;
- Na China o Executivo bloqueou todas as referências ao Egipto na Internet. Se for À china e pesquisar por Egipto nada aparecerá… Com receio de contágio, o executivo Chinês achou por bem bloquear ao seu povo o acesso a estas informações.
- Na India, por sua vez, durante as “comemorações” dos 63 anos da morte de Mahatma Gandhi, verificou-se também um pequeno protesto contra o Executivo.
E finalmente…
- De regresso ao Egipto, espera-se que o Vice-Presidente – o meio termo entre o Presidente e a Oposição – consiga negociar com a Oposição de forma a que os protestos sejam calados. Para hoje está anunciada uma manifestação que juntará cerca de 1 Milhão de pessoas.
Ora aí está…
De que forma é que, o humilde cidadão que se esforça por dar o melhor de si no dia-a-dia, poderá evitar que a sua vida se complique por causa destes efeitos??? De nenhuma forma…
O efeito de bola de neve, que começou na Tunísia, alastrou para o Egipto, depois de dar os seus resultados também no Egipto, poderá alastrar a um grande número de países e, directa ou indirectamente, piorar ainda mais a vida de cada um de nós…
Por norma, nós Portugueses, somos muito despreocupados com estes acontecimentos porque “nada acontece no nosso rectangulozinho” mas desta vez receio que indirectamente todos estes acontecimentos se venham a repercutir no dia-a-dia em Portugal…
Quanto aos que estão no estrangeiro… Tudo correrá pelo melhor certamente…
Notícias relacionadas:
i) Ben Ali abandona a Tunísia:
ii) Egipto. Milhões exigem saída de Mubarak e fecham a cortina à ditadura
iii) Cronologia: entenda a onda de protestos no Egito
“Para mais tarde recordar”, aqui fica a totalidade da notícia:
Uma
receita explosiva para qualquer governante desafia o ditador do Egito, Hosni
Mubarak: inflação de dois dígitos, desemprego, corrupção endêmica e sistema
político asfixiante. Os jovens, maioria no país e sem perspectivas de melhoria
de vida, engrossam os protestos contra o regime de Mubarak, que já dura 30
anos. Entenda a cronologia do caso:
De 17
a 20 de janeiro:
Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao
Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem
tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente
derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três
egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.
Dia
25:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei,
milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do
país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em
Suez e um policial é morto no Cairo.
Dia 26:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores,
aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são
mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são
feridos.
Dia 27:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca
cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União
Européia chama atenção para o direito de protestas da população.
Dia 28:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil
presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo
em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de
internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a
transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.
Dia 29:
O
presidente egipcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe
da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo
primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a
rebelião que já deixa mais de 90 mortos.