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segunda-feira, 8 de março de 2010

04 de Fevereiro – Feriado: Dia Nacional do Esforço Armado

Nota: A pesquisa e o texto foram elaborados pela minha metade (o tempo começa a faltar para me dedicar a este espaço que, cada vez, me dá mais prazer). O objectivo é dar ao blogue um cariz mais generalista para que o foco não seja apenas a minha visão da Terra Avermelhada. Fico a aguardar os vossos comentários e sugestões…

O feriado de 4 de Fevereiro representa uma data histórica para os angolanos, servindo para assinalar o dia que, atrevendo-me a dizer, representou o primeiro de uma nova época para o povo angolano, época essa que iria culminar muitos anos mais tarde.

A existência deste feriado e a sua denominação desencadeou a vontade de aprender um pouco mais sobre a história de Angola e como este blog não deve servir única e exclusivamente para dar notícias sobre o seu autor, aqui fica um pouco da história deste país onde actualmente resido, mais precisamente a partir do dia 4 de Fevereiro de 1961.


Os portugueses chegaram a Angola em 1482, e os conflitos contra a presença então instalada sempre existiram. A 4 de Fevereiro de 1961, perante a intransigência do Governo Português, presidido por Salazar, iniciou-se a luta pela independência nacional liderada pelos nacionalistas angolanos, começando assim a Guerra Colonial.

Nessa data, patriotas ligados ao MPLA, actual partido no poder, desencadearam um ataque contra a Cadeia de São Paulo e a Casa de Reclusão, em Luanda, dando início a Luta Armada que culminou com a proclamação da independência de Angola, em 11 de Novembro de 1975.

Segundo algumas fontes, no ataque deveriam participar duas mil e cem pessoas, mas as detenções efectuadas pela polícia política fiel ao então regime de Salazar nos dias anteriores à acção revolucionária, na sequência de denúncias, fizeram reduzir o número para pouco mais de 200 intervenientes.

A acção tinha como objectivo principal libertar os presos políticos angolanos que se encontravam encarcerados nas cadeias visadas, acusados pelas autoridades coloniais de actividades subversivas.

Segundo as informações disponíveis, os participantes no ataque treinavam durante a noite, na zona de Cacuaco, arredores de Luanda, e quando começaram a recear infiltrações de indivíduos ligados à polícia política portuguesa, mudaram-se para o Cazenga.

Neste último local foi erguido um monumento denominado "Marco Histórico do 4 de Fevereiro", inaugurado em 19 de Setembro de 2005, em homenagem aos heróis tombados pela causa da independência.

As fontes da época indicam que a escolha da data do ataque (4 de Fevereiro) está relacionado com o facto de se encontrarem em Luanda, na altura, jornalistas estrangeiros que aguardavam a chegada do paquete Santa Maria, assaltado alguns dias antes no alto mar por um grupo liderado por Henrique Galvão, um opositor do regime de Salazar.

Quando ficou claro que o navio não viria para Luanda e os jornalistas começariam a preparar-se para abandonar a capital angolana, os nacionalistas decidiram lançar o ataque antes que fossem todos embora, e assim poderem chamar a atenção da comunidade internacional sobre a repressão que se vivia no país. A presença dos jornalistas garantiu assim a projecção mediática internacional do assalto dos nacionalistas angolanos.

Esta acção levou as autoridades fiéis ao regime de Salazar a enviar para Angola os primeiros contingentes militares destinados a reforçar os reduzidos efectivos até então destacados no território angolano.



Na sequência do ataque, a pressão da polícia política portuguesa aumentou e cresceram também as detenções entre os nacionalistas, originando a fuga de milhares de angolanos para as matas e países limítrofes, como a Zâmbia e o então Congo Leopoldoville, onde prosseguiram a luta pela independência do país.

Pouco tempo depois do assalto às cadeias em Luanda, o conflito alastrou-se às restantes colónias portuguesas em África.

A principal motivação do Movimento das Forças Armadas (MFA) era a oposição ao regime e o descontentamento pela política seguida pelo governo em relação à guerra colonial, o que proporcionou as condições para a cedência da independência da Guiné Bissau, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Angola.

A Guerra da Independência de Angola (1961-1974), tornou-se uma luta de várias facções pelo controlo do País, com onze movimentos separatistas, acabando em 1975 quando o governo angolano, a UNITA, o MPLA e a FNLA assinaram o Acordo de Alvor, após a Revolução dos Cravos em Portugal do dia 25 de Abril de 1974. Quanto a posições exteriores assumidas durante a guerra, os grupos nacionalistas puderam contar principalmente com o apoio da República Democrática do Congo e Portugal com o apoio por parte da África do Sul.

Infelizmente, mesmo após a assinatura do Acordo de Alvor, Angola não conheceu de imediato a paz, devido a uma violenta e atroz guerra civil, que se arrastou até 2002, a 4 de Abril, data da assinatura dos Entendimentos de Paz e do acordo de cessar-fogo entre o Governo e a UNITA, dando origem a um novo feriado, denominado o Dia da Paz.

Link's gerais com conteúdos relacionados:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_de_Angola
http://www.embaixadadeangola.com.br/v2/index.php?option=com_content&view=article&id=81


E porque a Internet nos permite ver coisas que foram feitas/ditas/escritas ou apresentadas mesmo antes de nascermos aqui fica um complemento, da época, a este texto.
http://www.diariodaafrica.com/2010/02/independencia-dos-inimigos.html

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