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terça-feira, 30 de março de 2010

28 de Fevereiro – Uma recordação…

A vivência, os cenários e as situações que vou presenciando trazem-me à memória algo que, apesar de simples, me deu um enorme prazer.

A convite do, até então desconhecido, António Vieira da Silva tive o prazer de integrar o grupo de 50 fotógrafos amadores (apesar de alguns nada terem de amadores) que originaram o livro “Fragmentos de Emoção”, uma antologia de fotógrafos contemporâneos editada pela Editorial Minerva.

Hoje, deparando-me com as intensas cores, a diferente realidade, e a dimensão de cenários aumenta ainda mais a paixão pela fotografia. Em 7 meses já me sinto felizardo por ter visto e registado alguns momentos…

Espero que muitos outros surjam para que “permaneça a memória” desta estadia…

Na barra lateral fica, para mais tarde recordar, a capa da publicação.

segunda-feira, 29 de março de 2010

27 de Fevereiro – A conduzir até Cabo Ledo?

Chegados dois novos colegas à empresa fiz a minha primeira incursão (a conduzir) até CaboLedo.

Pelo caminho mais um acidente incomprensível… A meio de uma estrada inclinada, numa zona com visibilidade, um camião despistado contra um talude do lado esquerdo da via. Enquanto passávamos fizemos um vídeo. Ainda não consegui recolhê-lo junto do meu colega. Quando conseguir colocarei aqui:

Video???? Ainda não...

Foi também a primeira vez que eu abasteci “o meu veículo”. Pela primeira vez estive cerca de 45 minutos a aguardar a possibilidade para abastecer o carro…

À passagem pelas portagens da Barra do Rio Kuanza mais uma aventura.

Encostámos numa operação STOP e, perante cópias autenticadas dos documentos do carro tivemos que “negociar” a possibilidade de prosseguir a nossa viagem. Perante alguma argumentação da nossa parte (pois possuíamos cópia do Decreto de Lei que legisla a possibilidade dos veículos circularem com cópias autenticadas dos documentos) rapidamente percebemos que pouco havia a fazer. Porquê? Porque o interlocutor o deicou bem claro. De que forma? Hum… “Mas quem é que manda aqui?”.
Pois… Somos o elo mais fraco, adeus!!!

A praia? Essa estava muito agradável. Infelizmente não foi suficiente para “seduzir” os dois novos colegas porque, à data em que escrevo este post (28.Março.2010) um deles já regressou a Portugal (de forma inesperada e surpreendente) e o outro ficará apenas mais 15 dias. Só hoje percebo, e valorizo, algo que ouvi (e me disseram) desde a minha chegada… “Isto aqui não é para todos”. Infelizmente, com estes dois casos, após 8 meses percebo a amplitude e realidade da expressão.

26 de Fevereiro – Acontecimento: Sismo violento no Chile

Após o violento sismo no Haiti mais uma vez o mundo acompanhou um sismo de uma violência extrema. Este acontecimento, felizmente, nada tem a ver com a Terra Avermelhada mas é um acontecimento Mundial.

Precisamente por isso decidi alargar o “âmbito do blog” e ir registando os acontecimentos, e as minhas opiniões sobre esses mesmos acontecimentos. Pretendo dar mais vida ao blog e abandonar o registo “monocórdico”. Espero que a “actualidade” abra a janela do “diálogo”…

A notícia:

Chile: Sismo de 8,8 graus causa 78 mortos

Um sismo de 8,8 graus escala de Richter causou, pelo menos, 78 mortos no Chile. Michelle Bachelet já declarou o estado de catástrofe.

O sismo de magnitude 8,8 registado hoje ao largo do Chile, que já motivou avisos de tsunami em toda a costa do Oceano Pacífico, provocou pelo menos 78 mortos, revelou o comité de emergência.

Depois do Chile, Peru, Japão, Colômbia, Antárctida, Polinésia e toda a América Central terem sido colocados em alerta ou em estado de vigilância face a um eventual tsunami, o Havai e as autoridades australianas lançaram um aviso semelhante nos estados de New South Wales e Queensland, Lord Howe Island e Norfork Island.

O Instituto Geológico dos Estados Unidos revelou que depois do abalo, ocorrido às 03:34 locais (06:34 em Lisboa) a 317 quilómetros da capital chilena, Santiago, foram registadas pelo menos treze réplicas com magnitudes entre 6,9 e 5,2.

A maioria teve epicentro no mar, em frente às costas das regiões de Maule, Bio-Bio, Araucania, O'Higgins e Valparaiso.

Segundo dados do gabinete de emergência, o epicentro do sismo, sentido em Santiago durante um minuto e meio, localizou-se a 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Cauquenes.

As agências internacionais dão conta do desabamento de vários prédios e do corte de serviços de telefone e eletricidade.

A presidente Michelle Bachelet já decretou o estado de catástrofe e sublinhou que a Armada descarta o risco de tsunami, mas sugere à população que vá para os pontos mais elevados devido às fortes réplicas que se têm sentido na costa.


Fonte: http://aeiou.expresso.pt/chile-sismo-de-88-graus-causa-78-mortos=f567990

24 de Fevereiro – Hoje inicia-se a Votação de Blog’s

Os mais atentos terão visto que o blog passou a ter um dístico da Super Bock.

O dístico surgiu na sequência da inscrição - na categoria Blog Angola - do Blog no concurso, organizado pela Super Bock, SuperBlog Awards.

Hoje iniciam-se as votações e, por isso mesmo, se têm gostado do que vão lendo peço-vos um voto no concurso.

O voto é simples!!! Basta um qulique no dístico que está no blogue, fazer um breve registo no site da Super Bock (que demora apenas 3 minutinhos) e depois votar!

Conto com os vossos votos. ;)

Podem ir consultando o ranking em:
http://www.superbock.pt/Superbrand/super_blog_awards_2009/Default.aspx

quarta-feira, 24 de março de 2010

20 de Fevereiro - Há dias especiais...

Há dias especiais, mesmo que sejam vividos à distância, e o sábado de 20 de Fevereiro foi um deles.

A Beatriz está prestes a chegar, e a Patrícia foi vê-la de outra forma e estar com os papás babados.

Foi com muita emoção que me foram transmitidos todos os momentos daquela tarde, passada a ver as “fotografias” que têm sido tiradas à Beatriz mas sobretudo o vídeo em que mostra os seus primeiros passinhos ainda na barriga da mummy! Ao que parece vai ser comilona! ☺

Segundo a Patrícia a Carla está luminosa e o David babado. Perdão, babado e totalmente interessado, ao ponto de se dedicar a todos os detalhes e à ciência dos bebés, puericultura. Palavra difícil que confesso, enquanto leigo, desconhecia!

A distância tem destas coisas e impede-nos de estar próximos dos amigos nestes momentos tão felizes e ansiados. No entanto, mesmo longe, não deixo de acompanhar esta altura tão importante das vossas vidas.

Espero que a Beatriz chegue numa hora muito feliz, cheia de saúde! O tio João manda-lhe muitos beijinhos e promete que quando ela nascer vai estar pertinho a desejar que tudo corra bem e oportunamente lhe dedicará um post.

Muitos parabéns aos papás e obrigada pela tarde proporcionada à tia Patrícia e, indirectamente ao Tio João. São momentos tão especiais como este que nos fazem sentir perto de casa.

PS: Também quero provar as bruschettas feitas pelo Chef David ;)

quinta-feira, 18 de março de 2010

20 de Fevereiro – O pontapé de saída num concurso de cozinha

É verdade…

Angola “meteu-me” a fazer uma série de coisas diferentes.. Entre elas cozinhar… Mas pouco…

Mais uma vez um desafio da Andreia e do Ludgero. Mas não… Não eram apenas eles que se queriam rir “dos meus dotes”… É uma coisa mais a sério… Não acreditam??

7 pessoas que formam 3 grupos (sendo 2 casais e um outro grupo com mais pessoas mas, diga-se, com menos jeito) que se propõem (e o meu grupo fica-se mesmo quase só por isso) a fazer, por grupo, 3 jantares temáticos.
O objectivo é (ou seria…) fazer uma ementa completa dos países que calharam em sorte e, no fim, ser avaliado por todos…

O pontapé de saída foi com “o melhor grupo”. A Sofia, o Isaac e eu a tentar fazer um jantar brasileiro… Depois de ter sugerido uma picanha decidimos que iríamos fazer algo original… Nunca imaginámos é que seria tão original…

Hihiihihihih

A ementa desejada era:

Prato Principal – Tapioca com Recheio de Frango
Sobremesa – Doce de Banana da Iaiá
                 - Babá-de-Moça
Bebidas – Caipirinha
             - Sumos naturais

Quando cheguei estava a ser feita a entrada.. Ajudei a mexer (e ainda me queimei com o borbulhar da sobremesa - prometo que foi algo inesperado, não foi por falta de jeito) e depois prosseguimos na saga culinária…

Fui preparando as Caipirinhas (a tradicional e de Maracujá) com o Isaac e, nos intervalos, ia ajudando no fogão… Entretanto chegou a Andreia e o Lugero, o Pedro e a Paula. Aqui entre nós, que ninguém nos lê, ainda bem que chegaram…

As bebidas estavam muito boas. Quanto à comida… Só digo que estava a ficar tão seca que a Andreia “começou a inventar” e fomos colocando polpa de tomate e natas no frango desfiado para ver se conseguíamos obter algo comestível…

E conseguimos… Sentámo-nos à mesa e, uma das sobremesas, tinha-se tornado numa agradável compota (não fosse o sabor a caramelo queimado por ter passado do ponto). O prato principal estava muito bom (atestado pelo Pedro) mas teria nota máxima se fosse um jantar italiano… As bebidas estavam fantásticas e a sobremesa.. Hum.. Já nem me lembro como era…

Hihihiihihi

E assim foi o pontapé de saída do concurso de cozinha. De brasileiro teve pouco mas tenho a certeza que ganhámos… Ganhámos todos uma excelente noite de risota e animação… E quem é que a proporcionou??? O grupo que vai vencer o concurso…

Hihihihihi

Pelo jantar, pelo concurso, mas também pela recepção e pela amizade, aqui fica o meu obrigado a este grupo muito divertido que tão bem me acolheu por terras avermelhadas… Um grande beijo para vocês (mas só para as meninas). Hihihihihihi

segunda-feira, 15 de março de 2010

17 de Fevereiro - Uma ida ao fotógrafo e uma nova perspectiva da Baixa de Luanda

Depois de algumas tarefas pelo arranque da manhã a saída pelas 8.30.
Esgotadas as duas fotografias extra que tinha, no processo da carta de condução, necessitava de outra.

Por mero acaso apercebi-me que outro colega iria hoje tirar fotografias para o passaporte, porque possui dupla nacionalidade, e lá fui com ele. O percurso.. Bom quanto ao percurso não me quero tornar repetitivo... Mesmo dentro da cidade passámos por estradas em mau estado e o trânsito era imenso. A viagem demorou apenas 25 minutos porque o nosso "motorista" conhece a cidade como a palma da mão e, por isso mesmo, fizemos todo o corta-mato possível...

Pelo caminho vimos ainda 2 batedores a abrir caminho a um todo-o-terreno do Corpo Diplomático Americano (provavelmente com o grupo que está em Luanda para tentar a paz na zona dos Grandes Lagos) passámos por ruas da Baixa, para mim, totalmente desconhecidas e parámos em frente à loja de fotografia.

À entrada, depois de dizer o que pretendíamos, pagámos logo 900 Kuanzas (qualquer coisa como 9 USD's). Depois de esperar 3 ou 4 minutos o meu colega foi chamado para tirar as fotografias. Enquanto esperava acabei por perceber porque é que fomos ali... Era um sítio, com cerca de 12m2, já mais oganizado e com produtos de qualidade. Vi ainda porque é que estava o espaço estava totalmente cheio... É das poucas lojas que "cumpre os requisitos" de alguns organismos oficiais e, por isso mesmo, a clientela é muita... Estava um papel afixado com as dimensões das fotografias tipo passe para, por exemplo, as embaixadas Americana, Inglesa e Brasileira...

Entretanto chegou a minha vez. Percebi que estava, literalmente, a ir para um "vão de escada" em que "a porta era uma cortina".

Quando entrei, não sei porquê, esperava ver o fotógrafo de frente e, só depois de dar dois passos naquele espaço, que dava para poucos mais, é que olhei para a minha esquerda. Nesse momento fui atacado por uma enorme vontade de rir. Tive que fazer algum esforço para me conter. Porquê? Sobre o tripé preto, com aspecto robusto e profissional, estava uma máquina digital prateada que era dos modelos iniciais de máquinas digitais. A melhor comparação que consigo encontrar são aquelas máquinas digitais que a HP lançou no inicio da "massificação" das máquinas digitais. Aqui fica uma fotografia do tipo de máquinas que estou a falar para se perceber o caricato da situação.

Depois de tirada a fotografia juntei-me então ao meu colega para esperarmos pela impressão porque a entrega era imediata... Nesse momento percebi que a passagem "máquina fotográfica - impressora" era feita através de um rapaz.. Ou seja... Depois de tirada a fotografia, um "estafeta" pegava no cartão e levava à impressora. Depois de impressas eram cortadas e entregues aos clientes neste "embrulho".



No percurso até ao fotógrafo descobri uma nova baixa de Luanda. Infelizmente danificada e mal conservada, como quase todo o resto do edificado em Angola mas, uma zona com uma arquitectura lindissima...

Percebi então o que poderia ser Lisboa e outras cidades Portuguesas se as autarquias tivessem colocado travões a alguns agentes imobiliários que queriam apenas criar mais e novos edificios para, assim, conseguirem ganhar boas quantias de dinheiro.

Gostaria apenas que Angola, porque já tem vários exemplos de outros países, aprendesse com os erros já cometidos e que preservasse grande parte do que tem e que criasse, em zonas específicas, espaço para novos edíficios... Do que se vai vendo, creio que o crescimento vai ser igualmente anárquico...

Veremos...

16 de Fevereiro – 1ªs compras para a nova casa

Já tinhamos passado 3 dias na nova e casa e ela continuava igual… Não havia comida, estava suja, não tinhamos pratos, copos, talheres, nem nada…

Tivemos então que abdicar de algum tempo de trabalho para ir tratar desse “pequena” questão logística… Por diversas amostras (relembro por exemplo o caderno que me compraram quando cheguei a Angola) achámos que deveríamos ser nós próprios a escolher o que queríamos comprar…

E assim foi.. Lá fomos nós com o Sr. Carvalho às compras… Chegando à loja a minha admiração. Existia (quase) tudo o que existe em Portugal mas os preços eram estupidamente altos… Indiscritível… Rapidamente percebi que iríamos gastar uma “pequena fortuna” para comprar o mínimo indispensável.

O que comprámos?

Pratos, copos, faqueiro, guarnapos, etc…

13 de Fevereiro – Já na casa nova…

Ontem achava que o tempo para fazer as malas seria pouco e, afinal, foi mesmo… Mas pronto… Depois da reunião e do almoço sobraram 2 horas para fazer as malas e preparar a minha mudança…

Por estranho (ou não) que pareça fui assolado por alguma saudade e nostalgia… Afinal estava a retirar as coisas do espaço que foi o “meu abrigo” desde que cheguei a Angola. Foi ali que, em alguns momentos, chorei, ri, brinquei… Foi ali que senti esta nova experiência… Foi ali que consolidei algumas ideias e vivências… Fo o meu espaço…

Depois de fazer as malas (e deixar todas as calças e camisas no guarda-roupa) percebi que, apesar de estar cá à pouco tempo, já tinha coisas suficientes para não as conseguir levar de uma só vez… E eu acho, e sei, que só tenho o mínimo indispensável…

Queria tirar fotografias ao amontoado de coisas mas a máquina estava sem bateria…

Aproveitei a última hora no quarto para “comemorar o dia 13”. Sabia que na próxima semana não seria fácil de ter internet na nova casa (ainda me recordo bem da peripécia que foi para ter internet em casa quando cheguei a Angola) e, por isso mesmo, não quisemos desperdiçar a oportunidade. Fui, digamos assim, um re-carregar de baterias ou então de bocas (tipo camelos). hihiihihih

Pelas 18 horas fui então ter com o Celso. Nem sabia onde era a casa e, por isso mesmo, precisava de um guia.

Chegando a casa a surpresa… A obra tinha tido obras à relativamente pouco tempo e senti vi que não existiam grandes diferenças em relação Às condições que, até então, tinha tido…

Um portão para o exterior que dá acesso a uma garagem (coberta) e ao fundo, a toda a largura da casa, uma “grande parede de vidro”. Aberta essa porta de vidro, à esquerda, umas escadas em madeira para o piso superir e, à direita, uma sala… Enorme… 3 sofás e um plasma… Do outro lado de uma parede de pladur a cozinha. Totalmente equipada e, à semelhança da sala, muito espaço para disfrutar…

Chegou então a hora de ir ver os quartos. Tendo em consideração que o meu antigo quarto era espaço e que tudo era novo estava curioso, e receoso, com aquilo que iria encontrar. Sabíamos que iriam ser feitas obras na casa (para aumentar o número de quartos) e, por isso mesmo, restavam apenas 2 quartos que poderíamos ocupar. Onde ficavam esses quartos? Nos anexos… O acesso era pela cozinha. No topo estava também um grande envidraçado que dava acesso aos anexos. Sainda pela porta uma surpresa. Os anexos eram sobrepostos (na casa anterior eram 3 anexos ao nível do rés-do-chão) e, no topo, um terraço…

Depois de um momento de indecisão relativamente à escolha dos quartos (porque ambos dissesmos que era indiferente) rapidamente se arranjou a solução… Na mão o Celso tinha um molho com as chaves dos quartos e, instintivamente, dissemos ambos que eu ficaria com a primeira chave que saísse… Foi a chave do quarto do rés-do-chão…

Entrando na porta fiquei descansado…. Um quarto com cerca de 25 m2. O Guarda-roupa é um pouco antigo mas, mesmo assim, é um espaço acolheador e agradável…

Depois do primeiro impacto um reconhecimento mais detalhado… A casa estava muito suja. Percebemos que nestes primeiros dias iríamos ter a desagradável companhia de algumas barantas (bem grandes, por sinal) e, obviamente, aproximava-se uma semana sem net… Para além disso era necessário comprar tudo o que é necessário numa casa.

Apesar de não estar minimamente habituado a isso, gostei desse sentimento. É muito diferente “ter que põr mãos à obra” e chegar a um local em que tudo está definido e escolhido.

Os próximos dias serão mais um passo numa nova etapa da estadia em Angola…

12 de Fevereiro – Mudar de casa amanhã!!??

Devido às diversas alterações na minha empresa já sabia que, em breve, teria que mudar de casa.

Começam a chegar alguns novos colegas e novas casas foram alugadas. Depois de muito ouvir falar sobre aquela que, diziam, seria a minha nova casa, tive uma surpresa.

À hora de almoço, um dos meus chefes, disse-me que teríamos que mudar de casa. Eu e o meu colega Celso. Achei normal e perguntei quando. Porque raio é que fiz aquela pergunta??!!! A resposta foi “Já.”. ehehehhe
Nem queria acreditar e perguntei o que era já e, já em ambiente de amena cavaqueira, que alguns dos colegas que estavam na província vinham a Luanda passar o fim-de-semana e, uma vez que já não havia quartos disponíveis, nós iríamos aproveitar para nos mudar desde já. Tinha até amanhã às 16 horas para o fazer…

Tendo em consideração que, para amanhã, estava marcada uma reunião achei que tudo seria muito apertado mas, como é óbvio, não restavam muitas alternativas…

Quanto ao local nada sabia. Percebi apenas que era suficientemente longe para não fazer o percurso a pé. Obviamente que depois recolhi algumas informações e percebi que, não sendo um local perigoso, era necessário (como em todos os momentos e locais nesta cidade) ter algum cuidado…
Um novo passo se aproxima na terra avermelhada…

segunda-feira, 8 de março de 2010

04 de Fevereiro – Dia Nacional do Esforço Armado – Hino “Angola Avante”

O Hino Nacional é “ANGOLA AVANTE”.

I
Oh Pátria nunca mais esqueceremos
Os heróis do 4 de Fevereiro
Oh Pátria nós saudamos os teus filhos
Tombados pela nossa independência

II
Honramos o passado a nossa história
Construindo no trabalho o homem novo
Honramos o passado a nossa história
Construindo no trabalho o homem novo

Refrão
Angola avante revolução
Pelo poder popular
Pátria unida, liberdade
Um só povo, uma só nação

III
Levantemos nossas vozes libertadas
Para glória dos povos africanos
Marchemos combatentes angolanos
Solidários com os povos oprimidos

IV
Orgulhosos lutaremos pela paz
Com as forças progressistas do mundo
Orgulhosos lutaremos pela paz
Com as forças progressistas do mundo

Refrão
Angola avante revolução
Pelo poder popular
Pátria unida, liberdade
Um só povo, uma só nação

Aqui fica uma versão mais "multimédia":

04 de Fevereiro – Feriado: Dia Nacional do Esforço Armado

Nota: A pesquisa e o texto foram elaborados pela minha metade (o tempo começa a faltar para me dedicar a este espaço que, cada vez, me dá mais prazer). O objectivo é dar ao blogue um cariz mais generalista para que o foco não seja apenas a minha visão da Terra Avermelhada. Fico a aguardar os vossos comentários e sugestões…

O feriado de 4 de Fevereiro representa uma data histórica para os angolanos, servindo para assinalar o dia que, atrevendo-me a dizer, representou o primeiro de uma nova época para o povo angolano, época essa que iria culminar muitos anos mais tarde.

A existência deste feriado e a sua denominação desencadeou a vontade de aprender um pouco mais sobre a história de Angola e como este blog não deve servir única e exclusivamente para dar notícias sobre o seu autor, aqui fica um pouco da história deste país onde actualmente resido, mais precisamente a partir do dia 4 de Fevereiro de 1961.


Os portugueses chegaram a Angola em 1482, e os conflitos contra a presença então instalada sempre existiram. A 4 de Fevereiro de 1961, perante a intransigência do Governo Português, presidido por Salazar, iniciou-se a luta pela independência nacional liderada pelos nacionalistas angolanos, começando assim a Guerra Colonial.

Nessa data, patriotas ligados ao MPLA, actual partido no poder, desencadearam um ataque contra a Cadeia de São Paulo e a Casa de Reclusão, em Luanda, dando início a Luta Armada que culminou com a proclamação da independência de Angola, em 11 de Novembro de 1975.

Segundo algumas fontes, no ataque deveriam participar duas mil e cem pessoas, mas as detenções efectuadas pela polícia política fiel ao então regime de Salazar nos dias anteriores à acção revolucionária, na sequência de denúncias, fizeram reduzir o número para pouco mais de 200 intervenientes.

A acção tinha como objectivo principal libertar os presos políticos angolanos que se encontravam encarcerados nas cadeias visadas, acusados pelas autoridades coloniais de actividades subversivas.

Segundo as informações disponíveis, os participantes no ataque treinavam durante a noite, na zona de Cacuaco, arredores de Luanda, e quando começaram a recear infiltrações de indivíduos ligados à polícia política portuguesa, mudaram-se para o Cazenga.

Neste último local foi erguido um monumento denominado "Marco Histórico do 4 de Fevereiro", inaugurado em 19 de Setembro de 2005, em homenagem aos heróis tombados pela causa da independência.

As fontes da época indicam que a escolha da data do ataque (4 de Fevereiro) está relacionado com o facto de se encontrarem em Luanda, na altura, jornalistas estrangeiros que aguardavam a chegada do paquete Santa Maria, assaltado alguns dias antes no alto mar por um grupo liderado por Henrique Galvão, um opositor do regime de Salazar.

Quando ficou claro que o navio não viria para Luanda e os jornalistas começariam a preparar-se para abandonar a capital angolana, os nacionalistas decidiram lançar o ataque antes que fossem todos embora, e assim poderem chamar a atenção da comunidade internacional sobre a repressão que se vivia no país. A presença dos jornalistas garantiu assim a projecção mediática internacional do assalto dos nacionalistas angolanos.

Esta acção levou as autoridades fiéis ao regime de Salazar a enviar para Angola os primeiros contingentes militares destinados a reforçar os reduzidos efectivos até então destacados no território angolano.



Na sequência do ataque, a pressão da polícia política portuguesa aumentou e cresceram também as detenções entre os nacionalistas, originando a fuga de milhares de angolanos para as matas e países limítrofes, como a Zâmbia e o então Congo Leopoldoville, onde prosseguiram a luta pela independência do país.

Pouco tempo depois do assalto às cadeias em Luanda, o conflito alastrou-se às restantes colónias portuguesas em África.

A principal motivação do Movimento das Forças Armadas (MFA) era a oposição ao regime e o descontentamento pela política seguida pelo governo em relação à guerra colonial, o que proporcionou as condições para a cedência da independência da Guiné Bissau, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Angola.

A Guerra da Independência de Angola (1961-1974), tornou-se uma luta de várias facções pelo controlo do País, com onze movimentos separatistas, acabando em 1975 quando o governo angolano, a UNITA, o MPLA e a FNLA assinaram o Acordo de Alvor, após a Revolução dos Cravos em Portugal do dia 25 de Abril de 1974. Quanto a posições exteriores assumidas durante a guerra, os grupos nacionalistas puderam contar principalmente com o apoio da República Democrática do Congo e Portugal com o apoio por parte da África do Sul.

Infelizmente, mesmo após a assinatura do Acordo de Alvor, Angola não conheceu de imediato a paz, devido a uma violenta e atroz guerra civil, que se arrastou até 2002, a 4 de Abril, data da assinatura dos Entendimentos de Paz e do acordo de cessar-fogo entre o Governo e a UNITA, dando origem a um novo feriado, denominado o Dia da Paz.

Link's gerais com conteúdos relacionados:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_de_Angola
http://www.embaixadadeangola.com.br/v2/index.php?option=com_content&view=article&id=81


E porque a Internet nos permite ver coisas que foram feitas/ditas/escritas ou apresentadas mesmo antes de nascermos aqui fica um complemento, da época, a este texto.
http://www.diariodaafrica.com/2010/02/independencia-dos-inimigos.html

03 de Fevereiro – Regresso a Luanda e as surpresas...

Depois de algumas tarefas pelo arranque da manhã a saída pelas 8.30.
O percurso já estava traçado e, por isso mesmo, agora era hora de “partir à descoberta” de novos locais num dia chuvoso (um dos raros nos últimos 6 meses). Pelo caminho, nas bermas das estradas, como em todas as estradas, fomos vendo sucata abandonada.

Durante quase todo o trajecto (Malange-Lombe) a paisagem verdejante era a perder de vista


Antes de chegar ao Lombe tivemos ainda que, por perspecção profissional, fazer uma incursão por uma estrada secundária. A determinada altura a passagem de uma linhda de água teria que ser feita por esta ponte


Depois de a atravessarmos fizemos uma pausa. A curiosidade foi mais forte que eu e fui perceber como era feita a ponte. No “tabuleiro” percebia-se que era uma mistura de “argamassa de terra” misturada com carris de um antigo caminho de ferro mas, como se sustentava? Uma vista lateral ajuda a perceber…


Ao lado uma forma fácil de representar o país. A tentativa de desenvolvimento actual em contraponto com construções e infra-estruturas obsoletas. Em baixo é possível ver a antiga ponte para passagem da antiga linhda de comboio “quase engolida” pela ponte dos novos caminhos de ferro. A modernização “pinta” quadros destes.


Vindos por esta via secundária, chegámos ao Lombe. De frente um vestígio da grande mobilização que o governo provocou. O Lombe é um pequeno aglomerado populacional e, mesmo assim, lá está um apelo ao apoio à selecção nacional. Esta será para mais tarde recordar…


Depois de ouvir relatos de uma estrada em péssimas condições até Calandula (cerca de 70 km), foi com alguma surpresa, e agrado, que iniciámos o percurso nesta estrada.



Fizemos cerca de 30 km e verificámos que as obras ainda não tinham acabado. Agora junto de um pequeníssimo aglomerado vimos construções do tempo colonial bastante degradadas e totalmente desocupadas. A primeira construção era uma igreja. Algo que não esperava encontrar ali… Mas, de facto, lá estava ela.


E, olhando em frente, lá estava a estrada e as casas abandonadas.


Mais uma perspectiva do percurso que tínhamos a fazer


Já depois de avistar, longinquamente, as quedas de água de Calandula, avistámos mais um conjunto de casas. Passámos por muito outros e, a título de exemplo, aqui fica o registo de um deles


Um aspecto curioso? Todos eles tinham uma bandeira. Junto à estrada, num mastro improvisado, em todos estes conjuntos de casas havia uma bandeira como que a “relembrar”, quer a viajantes quer aos habitantes, que aquele era território Angolano.



Alguns km’s adiante mais um exemplo da guerra em que o país esteve mergulhada durante tantos anos. O carro, no momento da fotografia, está sobre uma ponte metálica, claramente de origem militar, que foi construída para para permitir a passagem de carros após a destruição de metade do tabuleiro. Na fotografia só é vísivel o troço “original” da ponte.


Uma vista geral à chegada a Calandula.


Passados os 70 km a chegada às quedas de água de Calandula. E que tal? Sem comentários… O ruído era arrepiante e a paisagem é esta… Tirem as vossas conclusões




Impressionante não é verdade?

E isto, ajuda a demonstrar a dimensão real???




SABIAM QUE?

As quedas de água de Kalandula, eram antigamente denominadas de Quedas de Água do Duque de Bragança.

Ficam no Rio Lucala, um dos afluentes do Rio Kwanza, na província de Malange, a cerca de 120km da capital da província que tem o mesmo nome. São as maiores de Angola e as segundas maiores de África, a seguir às Victoria Falls. Têm uma queda de 105 metros de altura e 405 metros de largura, ao passo que as Victoria, situadas entre a Zâmbia e Zimbabué, têm 1,7km de comprimento e 108 metros de largura.

Foram uma das maravilhas naturais votadas pelos Angolanos, que acabaram por concorrer às 7 maravilhas naturais o mundo com as Pedras Negras de Pungo Andongo.

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Fizemos o caminho inverso e agora pretendíamos passar por Pungo Andongo para ver as “famosas” Pedras Negras. Inexplicavelmente, expressão do nosso “guia”, não conseguimos ver as Pedras Negras devido ao nevoeiro. O nosso colega estava perplexo porque, como ele dizia, “não se percebe como é que é possível que não se vejam coisas tão grandes que estão aqui tão perto”. Ficará para uma próximo oportunidade…

Agora sim, depois de 2 ou 3 km em estrada asfaltada, entrámos numa verdadeira picada. Todo o percurso até ao Dondo seria numa estrada com estas caracteristicas


Pelo caminho houve ainda a necessidade de ceder passagens a outros veículos, atravessar zonas com enorme quantidade de buracos devido às chuvas e também, quem diria, ultrapassar motoristas de camiões que conduziam como se estvessem numa auto-estrada. Se calhar para eles até é… Não sei…


Num dos troços da estrada vimos um conjunto de coisas negras na estrada. Não conseguíamos definir, porque ainda estávamos muito longe, e só quando nos aproximamos o suficiente percebemos que eram macacos. É verdade! Meia dúzia de pequenos macacos que estavam a brincar no meio da estrada. Apercebendo-se da proximidade de um carro entraram na vegetação e tivemos oportunidade de os ver apenas durante alguns segundos… Ficámos ainda um pouco a tentar obter um contacto com eles mas foi impossível… Uns km’s adiante uma experiência, que apesar de não o ter sido propriamente, ficará para sempre gravada na minha memória.

A nossa viagem ia sendo feita “muito ao estilo Paris-Dakar”. Em que andávamos pela picada e atrás dicava um enorme rasto de pó no ar. De onde a onde passávamos por um conjunto de casas. Em alguns casos víamos pessoas enquanto que noutros nem sinal… Num dos casos enquanto nos íamos aproximando fixei o meu olhar numa menina, de aproximadamente 8 anos, que a cerca de 20 metros da estada estava deitada, de barriga para baixo com o queixo pousado sobre as costas das duas mão entrelaçadas e com uma das pernas no ar… E enquanto passávamos ela sorriu e acompanhou o movimento do carro com a cabeça. À sua volta, uma série de crianças com os seus 2 ou 3 anos, brincavam e ela ali, impávida e serena, acompanhava os trajectos dos viagentes que por ali iam passando… Essa era uma das poucas ocupações que tinha e, infelizmente, tem,e estando ali no meio de lugar nenhum num “grande produtor de petróleo”. A vida tem destas coisas….

Para o restante percurso, acompanhadas de uma breve descrição, ficam então algumas fotografias de situações que retratam bem esta terra.


Mercado à chegada ao Dondo



Equilibrismo no transporte das coisas



Mais um mercado até à chegada a Luanda


Pormenor do mercado até à chegada a Luanda



Agência do BIC à entrada de Luanda (parece uma ilha)


O movimento quotidiano à entrada de Luanda

quarta-feira, 3 de março de 2010

02 de Fevereiro – Novamente em África: Viagem a Malange

Perante a necessidade de integração de um dos novos elementos da equipa, ficou guardada para os dias 2 e 3 uma viagem a Malange.

Até esta altura eu ainda não tinha tido oportunidade de, profssionalmente, ir visitar outras províncias. Sendo esta uma altura oportuna aceitei o convite/desafio com todo o gosto.

O nosso sicerone era o colega que está responsável por todas as obras naquela província.

A saída ficou combinada para as 6 da manhã e foi a essa hora que partimos. Havia a necessidade de sair da cidade antes das 6.15 devido ao intenso trânsito que existe diariamente. Logo no inicio do percurso o nosso sicerone sugeriu que, à vinda, passássemos por alguns pontos “turísticos” para que ficássemos a conhecer e, logo naquele momento, o roteiro ficou perfeitamete traçado. O objectivo era ir por um percurso (Luanda – Dondo – Ndalatando – Cacuso – Lombe - Malange) e regressar por outro (Malange – Lombe - Calandula – Pungo Andongo – Dondo – Luanda).

Porquê? Para além dos percursos e paisagens, queríamos ver as “famosas” quedas de água de Calandula e as Pedras Negras de Pungo Andongo.

Partimos então em Direcção ao Dondo e senti, pela primeira vez, que estava a entrar na selva. No percurso para Benguela tinha passado por curtas extensões de selva mas agora, a dimensão era diferente.

Aqui ficam 3 fotografias que pretendem demonstrar a paisagem que acompanha o percurso. Mais uma vez as fotografias foram tiradas em andamento pelo que, algumas, não são perfeitamente nítidas…




Passámos então o “famoso Morro do Binda”. Um local que pela sua grande inclinação e curvas muito apertadas se torna um verdadeiro perigo para os condutores mais desatentos/descuidados e, por isso mesmo, se revela um grande cemitério de sucata. Aqui fica um excelente relato sobre este local, com direito a fotografias bem elucidativas: http://comicaginario.blogspot.com/

À passagem por este local muita sucata se vê. E para além de restos retrocidos de aço? Um camião totalmente atravessado na estrada com um jovem ao volante. “Foi mesmo agora” disse eu, enquanto o colega que conduzia o carro tentava apenas passar na “nesga de berma de estrada” que sobrava entre a vegetação e a traseira do camião. Depois de dizer isto ocorreu-me então que poderia já ter sido há algumas horas e que o jovem estava apenas ali, como sempre acontece com os carros acidentados, para “levar alguma coisa interessante para casa”.

Dois carros seguiam atrás de nós e em frente vinha outro. Ainda tímido acabei por não pedir para pararmos para registar o momento. Agora arrependo-me, como é óbvio mas, nada há a fazer… Umas centenas de metros mais à frente, após uma curva, um autocarro descia já a velocidade reduzida. O camião iniciou o seu despiste muito antes do local onde foi imobilizado e ramos e bocados de árvore estavam no chão. Informámos então o condutor do cenário que estava adiante e ele questionou “mas consigo passar?”. Não, não consegue, dissemos nós. Agradecido ele prosseguiu em frente com ar de desânimo de quem antecipa que vai ficar ali algumas horas até que consiga passar. Nós, em sentido contrário, prosseguimos a viagem em direcção a Malange…

Antes de Malange Ndalatando. E antes de Ndalatando uma “operação STOP”. Já sabíamos que iríamos parar, na melhor das hipóteses, uma vez. Esta foi caricata. O agente mandou-nos encostar e pediu os documentos. Depois de os ter na mão foi até à traseira do carro e ali ficou cerca de dois minutos. Pelo retrovisor tentava perceber o que ele fazia proque pegava na carta, depois no papel do seguro, depois no livrete em apenas breves segundos. Dirigiu-se então para perto do condutor e ali permaneceu mais algum tempo. Sinceramente já estava com alguma vontade de rir mas, passado algum tempo quase não aguentava. Perguntou ao meu colega, apontando para a carta de condução, “o que é?”. O meu colega explica então “Data de emissão: XX-XX-1998. É quando foi emitida” (Como é óbvio, se o agente perguntou o que era não ficou a perceber com o “é quando foi emitida” mas…) e depois prosseguiu “Válida até 07-02-2022, ou seja, é válida ainda mais 12 anos”.

Perante aquele cenário tive alguma dificuldade em conter-me mas teve que ser…

Contente e perfeitamente elucidado, simpaticamente, o agente agradeceu e desejou-nos uma boa viagem. Um balanço positivo da primeira paragem porque, para além da perda dos minutos de paragem ganhámos então mais uma estória para contar.

Uns bons km’s mais à frente a chegada a Ndalatando. Pelo que tinha ouvido falar pensei que seria já “uma cidade” com visíveis sinais de desenvolvimento. Por isso mesmo a minha surpresa quando, vendo este cenário, o meu colega disse “chegámos a Ndalatando”.


Do outro lado da estrada em que parámos um colorido “estabelecimento comercial”.


E, prosseguindo viagem em direcção ao centro de Ndalatando, fomos então vendo as habitações da zona periférica da cidade.




De Ndalatando em direcção a Malange mais paisagens distintas das que vi por estas terras até ao momento. Uma paisagem muito mais verde e, desta feita, com vegetação de menor porte. Aqui fica uma ilustração de uma parte significativa do percurso


Enquanto “devorávamos km’s” mais uma operação de STOP. Tinhamos sido alertados para que “mesmo que estivesse tudo em ordem, seriamos sempre abordados a “contribuir”” e aqui estava o exemplo. Depois de verificados os documentos (sabe-se lá com rigor, apesar de termos a certeza que tudo estava correcto), o pedido para mostrar o triângulo e, depois de o ver, então uma conversa amiga no sentido de “ajudar a malta”. Assim fizemos e prosseguimos o caminho.

A 20 km da entrada de Malange novamenet um polícia a fazer sinal para pararmos. De imediato começámos a comentar “Outra vez?”, “Não chegava já?”, “3 operações na mesma viagem?” e só depois percebemos que o sr. Estava a pedir boleia… É verdade… O agente queria boleia para chegar a Malange. Ele tinha sido deixado ali de manhã (com este calor abrasador), fez o seu trabalho de patrulha, e agora, perto da hora de almoço, teria que providenciar boleia para voltar novamente à esquadra. Foi mais um momento de alegria e risota e prosseguimos em direcção a Malange, agora com 4 “tripulantes” no nosso “navio”.

Depois de fazermos uma visita às obras, e antes da hora do jantar, o “descanso dos guerreiros”. Já estávamos em movimento quase há 12 horas e a tarde ainda estava quase a meio. Fomos então dormir um pouco.

Uma vista geral do meu quarto:


Um pormenor da “minha secretária”:

(os mais atentos dirão que é painel de cofragem… É verdade… É mesmo painel de cofragem)

Amanhã será a viagem de regresso com visita de alguns pontos turísticos… Confesso que tenho alguma ansiedade por iniciar a viagem. Veremos se à chegada a Luanda estou desiludido…

28 de Janeiro – Uma música e uma recordação

Para além das descrições que tenho feito, outras recordações vão ficando registadas na memória.

Partilho a primeira música local que me ficou na cabeça… Nas primeiras noites em que vivi a “noite luandense”, estava sempre presente uma música. Inicialmente não “me dizia nada” mas, nas últimas noites antes de 24 de Novembro, dei por mim a cantar “Só se eu for doida” no caminho de regresso a casa.

Hoje percebo que esta será uma eterna recordação de Angola…

Por isso mesmo partilho essa eterna recordação. Afinal de contas não há amor como o primeiro.

Título: Só se eu for doida
Interprete: Pérola

24 de Janeiro – CAN2010 – A queda do anfitrião

Angola – Ghana foi o primeiro jogo dos quartos de final do CAN2010. Era o jogo mais aguardado porque, a bem dizer, todo o CAN girou em torno da selecção de Angola, como seria de esperar.

Um evento desportivo deste género em África não gera, pelos mais variados motivos, um fluxo de turismo como gera, por exemplo, na Europa e, assim sendo, os estádios encheram-se de Angolanos para ver a sua selecção a jogar. Os bilhetes para o evento foram, por esse facto, colocados à venda a um preço extremamente baixo (1,€ ou 2€). Com a eliminação espera-se que os estádios fiquem vazios e, com isso, perder-se-á a “alma” da competição…

Nem todo o apoio de uma nação foi suficiente para levar de vencida a selecção do Ghana e a selecção Angolana, treinada pelo Português Manuel José, tombou…

Aqui fica um link para a página oficial do evento:
http://www.can-angola2010.com/Media/Noticias/Detalhe/CAN_004659

Para a história fica o dia 24 de Janeiro de 2010 como a data da eliminação do anfitrião do CAN2010 mas fica também a festa… Fica a alegria do povo Angolano com o evento que, apesar do acontecimneto com a selecção do Togo, foi um sucesso para a organização. Fica o sentimento de “dever cumprido” deste país que, espera-se, está a dar passos largos para a sua modernização e, acredito, tem condições para se tornar uma referência no continente Africano.

Só o futuro e a vontade dos homens o dirá…

23 de Janeiro – “Por minha conta” no trânsito Luandense

Pelo segundo fim-de-semana consecutivo (desde que estou em Angola) tive direito a carro. O meu novo superior hierárquico compreendeu (e tem essa autonomia) que Luanda sem carro é uma prisão. Tal como disse várias vezes, tive a sorte de ter cá um casal amigo, e de ter feito cá um amigo, que fizeram com que eu nunca sentisse a casa como “uma prisão” mas, não fossem eles, e teria-o sentido por diversas vezes... A eles o meu muito obrigado!!!

No primeiro fim-de-semana o meu carro era um Nissan Micra e neste? Um Chevrolet Spark. Não conhecem? Eu também nunca tinha visto. Eu diria que é o carro ideal para Lisboa (porque é pequenino e não é um smart) mas em Luanda, com as crateras e lombas que existem... Mas pronto.... Ficará para sempre na minha memoria afinal de contas foi o carro mais pequeno que já conduzi mas, também, foi o primeiro carro com mudanças automáticas que eu já conduzi... É verdade...

Bom.. Pela manhã fui par ao escritório. O Celso pediu-me boleia para ir buscar as chaves do carro dele que ele tinha deixado noutro carro na noite anterior e... Aí estava a minha primeira e verdadeira viagem por Luanda... Teríamos que ir a sítios por onde ainda não tinha conduzido e, a parte mais engraçada, é que ele apesar de estar cá há já um ano também não conhece muito bem os percursos... Escusado será dizer que demorámos mais de uma hora a fazer um percurso que poderíamos ter feito em 20 minutos. E depois??? Foi muito engraçado porque íamos divertidíssimos enquanto nos perdíamos e voltávamos a encontrar o trilho certo...

No regresso ao escritório uma reflexão... Ambos achamos que, caso a estabilidade politica se mantenha, dentro de 4 ou 5 anos Luanda poderá ser uma cidade com um elevado nível de vida. Basta que alguns dos princípios elementares da sociedade mudem e, obviamente, que a estabilidade politica o permita. Fica aqui a nossa opinião...

E a aventura no trânsito Luandense? Foi a primeira... Venham as próximas...

22 de Janeiro – Uma surpresa muito especial

Momentos especiais merecem post’s distintos e, por isso mesmo, aqui vai um segundo post do mesmo dia, 22 de Janeiro.

Hoje a nossa recepcionista (chamada carinhosamente de “Santa”) aproximou-se da minhas secretária e, com 4 envelopes na mão, disse-me que era correspondência para mim.

Instintivamente, e quase sem olhar para o que ela trazia na mão, disse que não poderia ser para mim mas ela, com um largo sorriso irónico, disse “É para si sim senhor, veja que tem o seu nome”. Naquele instante olhei para a mão dela, já estendida na minha direcção, e vi o meu nome no primeiro. Admirado admiti “Sim, este é para mim” e, já retirando-lhe o envelope das mãos, agradeci. Nesse mesmo instante ela disse “Não, é esse e os outros todos, têm todos o seu nome”.

Aí disse que não podia ser mas verifiquei que, afinal, eu estava enganado.

Não 1

Não 2

Não 3

Mas 4 Envelopes...

Ela retirou-se e, naqueles instantes iniciais pensei que não poderia ser mas, depois da surpresa que tive no dia 13, rapdiamente associei a uma surpresa da minha metade. O primeiro raciocínio foi semelhante à frase que lhe disse quando me ligou a pedir para ir à porta (ver post do dia 13 de Janeiro), ou seja, “o que é que ela andou a inventar”.

Ao abrir percebi…


Um coração grande enche-se com pouco. Amo-te
Sempre tua Patrícia
NNNN”
(o NNNN não fazia parte da mensagem mas, como estava logo abaixo, li-o como parte integrante da mensagem).

E nesse momento fiquei extremamente contente. Abri então o segundo envelope porque, pensei, cada um deveria conter uma parte de uma mensagem que só faria sentido lendo os quatro. Euforicamente, como uma criança quando abre os presentes de natal, abri o segundo e, para meu espanto, a mensagem era a mesma. “Vêm aos pares” pensei… “Como somos 2”… Com a mesma energia abri o terceiro e… A mesma mensagem… Nesse momento já não consegui encontrar explicação e, já com menos energia e euforismo, abri o quarto e, já sem muita surpresa, vi a mesma mensagem.

Fiquei por algum tempo a tentar perceber o objectivo de enviar 4 telegramas iguais mas não consegui perceber.

Reparei então no estranho formato dos envelopes... Eram mais curtos do que os modelos que eu conhecia e, passado pouco tempo de os observar com um pouco de cuidado percebi qual era a diferença... Os envelopes tinham sido cortados a meio e colados na extremidade cortada...




O mistério só ficou desfeito depois de falar com a Patrícia. A primeira explicação não foi suficiente para que ela percebesse o que eu tinha recebido e, nesse momento, percebi que teria sido um erro.

Explicou-me então qual era o verdadeiro objectivo da surpresa e, também, o porquê e origem daquela frase...

Aqui fica mais um TEMPO DE ANTENA para a autora da surpresa...


Objectivo:
É importante perceber que, para além de ter demorado imenso tempo a chegar, o que não se coaduna com a realidade ou o propósito de um telegrama, chegou de forma totalmente inesperada. É verdade que nunca tinha enviado um telegrama até à data de 12 de Janeiro, mas sempre pensei que o seu acto de entrega e recebimento respeitava aquilo que estava habituada a ver, diga-se, na pequeno e no grande écran! Percebi o meu engano quando o João me perguntou porque é que alguém mandava 4 vezes a mesma coisa. Ahn???? Não!?! Eu queria que o telegrama fosse entregue naqueles papéis quadrados pequeninos e lido ao destinatário em primeira mão! Aparentemente isso só se deve verificar nos filmes, porque de Portugal para Angola a realidade é outra!

Mais uma vez, fica a contar a intenção...


Uma breve explicação sobre a escolha e origem da frase:
Poderá parecer estranho mas a primeira vez que a li foi numa casa de banho de um restaurante / bar, bem distante em termos geográficos. E não, não pensem que me estou a referir àquela literatura habitual de portas de casas de banho...

Não recordo o nome do local, mas posso dizer que fica numa das muitas avenidas da belíssima cidade de Guadalajara, a mexicana! A descoberta do lugar devo-a ao Patrick, o meu eterno partner. Gostei tanto do mesmo que pedi para lá voltarmos mais vezes durante aquela magnífica semana.

O design do espaço não era nada de extraordinário, mas as casas de banho tinham uma decoração que na altura achei peculiar. Hoje em dia esta decoração já é prática comum... Eram decoradas com vinis que continham excertos de poemas ou frases emblemáticas, ao que me pareceu, de autores sul-americanos.

Uma em particular chamou-me a atenção, pelo alcance e dimensão do que estava reduzido a poucas palavras. António Porchia soube dizê-lo e escrevê-lo de forma sublime. Achei uma verdade absoluta e indiscutível, quanto maiores são os corações, mais fáceis são de preencher com pequeninos gestos.

Posteriormente a curiosidade levou-me a querer saber mais sobre este senhor. Descobri que não era “totalmente” sul americano. Nasceu em 1985 em Conflenti (Itália), e aos 15 anos emigrou para a Argentina onde viveu praticamente toda a sua vida até falecer em 1968. Esta é uma das suas frases emblemáticas, traduzida do original em Castellano “Un corazón grande se llena con poco”.

Recordo que na altura me marcou e no momento em que estava na estaçãodos CTT e pensei “como vou escrever algo por poucas palavras que signifique muito...?” e de repente veio-me à memória a frase lida naquela tarde quente de Abril!

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